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como um processo genérico e uniforme, não vinculado à sua contraparte,<br />

a reterritorialização.<br />

Milton Santos (2008, p. 170) também já falava sobre desterritorialização<br />

na nova ordem global. Em coletânea de textos publicada<br />

pela primeira vez em 1996, apresentava um contexto bem definido<br />

para a desterritorialização: “no sentido de que separa o centro da ação,<br />

e a sede da ação”. Para o autor, o espaço dessa nova ordem globalizada<br />

é movediço e inconstante, e a ordem local é que se reterritorializa,<br />

“porque reúne numa mesma lógica interna todos os seus elementos:<br />

homens, empresas, instituições, formas sociais e jurídicas, e formas<br />

geográficas”. Por isso o que ele chama de “cotidiano imediato” seria<br />

fundamental para a união de todos os dados, locais e globais. É, nas<br />

palavras de Santos, “a garantia de comunicação”. Para ele, “cada lugar<br />

é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global e de uma razão local,<br />

convivendo dialeticamente”.<br />

Compreendemos que é seguindo esta lógica de pensamento que<br />

Haesbaert propõe que, no lugar de desterritorialização, se fale em multiterritorialidade,<br />

que ele compreende como a movimentação das pessoas<br />

(locomovendo-se fisicamente) e também – e principalmente – as<br />

possibilidades abertas pelas tecnologias da informação. Essas redes<br />

permitem que os indivíduos, por meio da comunicação, compartilhem<br />

diferentes referências e processos simbólicos, ainda que a quilômetros<br />

ou milhas de distância, sem ter a necessidade de frequentar pessoalmente/fisicamente<br />

os espaços geográficos em que vivem os atores com<br />

os quais há interação. Entendemos que, nesse tipo de relação, entrelaçam-se<br />

a razão global e a razão local de que fala Santos (2008), quando a<br />

experiência mediada (e que podemos entender como desterritorializada<br />

desde sua perspectiva), se reterritorializa no espaço local de cada um<br />

dos indivíduos conectados.<br />

Nesse contexto, há o reforço da construção de identidades que<br />

não mais se atrelam a um lugar. Não apenas porque já não há mais<br />

garantia de políticas identitárias por parte do Estado, mas também<br />

porque, entre as relações construídas no marco da multiterritorialidade,<br />

a identidade não pode ser fixa; ela é constituída por uma “rede” de<br />

fios entrelaçados entre as diferentes filiações e afiliações identitárias<br />

dos indivíduos. Com indivíduos de diferentes partes do mundo even-<br />

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