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greves das mais diversas. Mesmo no interior de nossas residências topamos<br />

com públicos se manifestando durante todo o tempo pela internet<br />

e nas mídias sociais, clamando nosso apoio às mais diversas causas. Mas<br />

o que realmente sabemos sobre esses públicos e suas manifestações?<br />

Seriam eles autênticos ou apenas casos de astroturfings, estratégias<br />

complexas formuladas para criar a impressão de que existe um público<br />

se manifestando como uma forma de influenciar a opinião pública?<br />

É justamente o astroturfing que abordamos no presente artigo 2 ,<br />

uma prática normalmente afastada dos holofotes públicos, mas que<br />

vem ganhando destaque na esteira de denúncias sobre sua utilização<br />

e seu impacto na formação da opinião pública. Nas últimas décadas,<br />

denúncias diversas de astroturfing se acumularam, envolvendo corporações<br />

multinacionais, a indústria de relações públicas, agências governamentais<br />

de diversos países e variados grupos de pressão, fazendo com<br />

que o tema ganhasse crescente importância no mundo contemporâneo.<br />

Nosso ponto de partida, entretanto, encontra-se na observação<br />

sobre como os estudos comunicacionais caminham na contramão do<br />

aumento de reconhecimento sobre o astroturfing, pouco abordando tal<br />

prática. Tratada principalmente por meio de denúncias que apontam<br />

para a sua existência, a prática é rapidamente classificada como uma<br />

técnica de propaganda arcaica voltada para a manipulação da opinião<br />

pública. Normalmente, os textos da área que tratam do astroturfing são<br />

dominados por um forte viés determinista, evocando uma causalidade<br />

linear que acreditamos ser um fator limitante na exploração desse tema.<br />

Visando ampliar a compreensão sobre essa prática, optamos<br />

por trilhar um caminho distinto daquele pelo qual o astroturfing normalmente<br />

é abordado, encarando-o como uma prática comunicativa<br />

complexa e repleta de ambiguidades. Para tanto, nossa aposta central<br />

2<br />

Este artigo consiste em uma discussão derivada da dissertação de mestrado<br />

do autor, intitulada “O astroturfing como um processo comunicativo: a manifestação<br />

de um público simulado, a mobilização de públicos e as lógicas de<br />

influência na opinião pública”. A dissertação, orientada pelo professor Márcio<br />

Simeone Henriques e defendida em 2013 no Programa de Pós-Graduação em<br />

Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi vencedora<br />

do Prêmio Abrapcorp de Teses e Dissertações 2014 em sua categoria.<br />

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