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de políticas públicas, o governo não poderia agir sozinho. Num contexto<br />

marcado pelo desmonte do Estado do Bem-Estar Social e pelo crescimento<br />

do poder do capital transnacional, seria necessária a participação<br />

do setor privado.<br />

É possível então refazer em termos mais restritos a indagação<br />

de Kabengele Munanga posta na epígrafe acima e lançar os seguintes<br />

questionamentos: a) Qual é a resposta do mundo empresarial no Brasil<br />

às pressões realizadas pelo movimento negro?; b) De que maneira foi<br />

produzida essa resposta? Com base numa pesquisa empreendida para<br />

a realização da minha tese de doutorado (Jaime, 2011), dialogo com<br />

essas questões neste capítulo. O texto está dividido em cinco partes.<br />

Nas duas próximas, “Conflitos” e “Controvérsia”, trato respectivamente<br />

da pressão recente do movimento negro sobre as empresas e das diferentes<br />

interpretações que suscitou. Nas duas seguintes, “Tradução”<br />

e “Tradutores”, mostro respectivamente como o mundo empresarial<br />

respondeu a essa pressão e apresento alguns dos agentes envolvidos<br />

nesse processo. Por fim, teço minhas “considerações finais”, deixando<br />

pistas para uma reflexão sobre a diversidade nas organizações, com<br />

ênfase na questão racial, ressaltando a tensão que esta estabelece entre<br />

a riqueza cultural e a disputa política.<br />

CONFLITO<br />

Em 17 de dezembro de 2003, com o apoio da Federação Nacional<br />

dos Advogados (FENADV) e de ONGs provenientes do movimento negro,<br />

o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), dirigido por<br />

Humberto Adami, apresentou ao Ministério Público do Trabalho (MPT)<br />

de Brasília uma representação que, apoiada em matérias publicadas na<br />

imprensa, denunciava a desigualdade racial no mercado de trabalho.<br />

Segundo Humberto Adami (2007), houve uma grande celeuma entre<br />

os procuradores do trabalho. Muitos consideravam que se tratava de<br />

acusações genéricas e solicitaram provas concretas contra as empresas<br />

para que não realizassem o arquivamento da denúncia.<br />

A fim de evitar o engavetamento, procedeu-se a um aditamento,<br />

por meio do qual foram acrescentadas pesquisas realizadas pelo<br />

Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos<br />

(Dieese, 1999) em parceria com o Instituto Sindical Interamericano pela<br />

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