17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A globalização encurtou o mundo e encapsulou as diferenças culturais<br />

e suas inerentes tensões nas empresas. Transformada em variável<br />

interna, a diversidade empresarial assume como ferramenta de gestão o<br />

multiculturalismo, que utiliza as táticas da comunicação organizacional<br />

e a linguagem politicamente correta como elementos para gerenciar relacionamentos<br />

internos potencialmente conflituosos.<br />

E, nessa tentativa de plasmar a tal “visão eufórica do mundo”<br />

citada por Morin, igualando as diferenças e formatando comportamentos<br />

homogêneos, o multiculturalismo empresarial cria um paradoxo:<br />

ao mesmo tempo em que as narrativas valorizam a diversidade,<br />

paradoxalmente, em seu nome e em nome do respeito às diferenças, a<br />

linguagem politicamente correta e os manuais e treinamentos pautam<br />

condutas que neutralizam justamente o poder criativo que a diversidade<br />

pode trazer.<br />

Como tecnologia gerencial, o multiculturalismo serve a coibir a<br />

emergência espontânea das diferenças. Suas ferramentas são técnicas<br />

totalizantes que negam a tão valorizada diversidade, porque o politicamente<br />

correto traz resposta única, enquanto a diversidade é ampla,<br />

complexa, múltipla e tensa.<br />

O multiculturalismo empresarial retira a promessa da riqueza<br />

inventiva a favor dos negócios, porque anula as potências simbólicas<br />

que cada cultura carrega, construídas socialmente em uma “programação<br />

coletiva mental” (Hofstede, 1997). Wilson Bueno (2012) chama<br />

a isso de uma postura centralista e insistente indisposição ao diálogo,<br />

reduzindo um processo rico de interação em uma mera transmissão<br />

unilateral de informações.<br />

Como outrora afirmou Aristóteles, aquele que fala ou escreve cria<br />

uma imagem de si mesmo.<br />

Assim, o que este nosso estudo sugere é que a linguagem pode e<br />

deve ser objeto das pesquisas de comunicação organizacional e de relações<br />

públicas no âmbito da diversidade: seria possível a comunicação<br />

atuar com uma linguagem menos totalizante, capaz de promover as diferenças<br />

e conviver com as tensões que isto gera dentro do ambiente empresarial?<br />

Uma linguagem como “ponte lançada entre o homem e o outro ho-<br />

245

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!