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Cria-se, assim, uma situação interessante: empresas cuja atividade-fim<br />

é a produção de uma aparência globalizada, de padrões de<br />

beleza globalizados, têm que lidar ao mesmo tempo com funcionários<br />

e consumidores/as, nesses países, que detêm outros modelos sobre<br />

aparência e imagem pessoal. Ao mesmo tempo em que esses funcionários<br />

e consumidores “aprendem” modelos de aparência externos,<br />

também utilizam seus próprios modelos, num diálogo constante e ambíguo<br />

entre os dois lados.<br />

É importante notar que os padrões diferenciados de beleza e aparência<br />

que discutimos aqui se manifestam de maneiras diferentes em<br />

cada um de nossos três casos, Brasil, China e Índia. Essas diferenças<br />

apontam caminhos interessantes para se pensar em formas diferenciadas<br />

de construção de interculturalidades no interior das empresas. Na<br />

Índia, por exemplo, percebe-se forte desejo de modernidade e de ocidentalização<br />

(manifesto em práticas como clarear a pele, vestir a indumentária<br />

ocidental, procurar se assemelhar às mulheres ocidentais). Ao<br />

mesmo tempo, porém, a permanência da tradição é reconhecida: tradições<br />

milenares de culto à beleza e de cuidado com a aparência são<br />

colocadas a serviço desse desejo por modernidade ocidental, ao mesmo<br />

tempo em que se baseiam em noções tradicionais de beleza.<br />

Por sua vez, a busca pela imagem pessoal, pela aparência “certa”<br />

no ambiente de trabalho, seja da parte dos gestores quando definem<br />

determinados códigos, seja da parte de como as/os funcionárias/os<br />

constroem suas próprias imagens, ocorre por meio de uma constante<br />

negociação entre ser moderno e ser autêntico, ser novo e ser tradicional,<br />

e até entre o que é visto como “bonito” ou “feio”. Os códigos de<br />

aparência no ambiente de trabalho, portanto, tendem a buscar uma<br />

alternativa entre o moderno e o tradicional: por exemplo, recomendando<br />

que quem preferir as vestimentas tradicionais (o sari) que o faça<br />

escolhendo cores modernas. Nessa tensão entre tradição e modernidade,<br />

não há como se prever para qual lado irá pender a balança, pois<br />

tudo dependerá de quem é a empresa, mas também de quem são os<br />

gestores e funcionários (por exemplo, quantos dos funcionários estudaram<br />

nos Estados Unidos ou na Inglaterra).<br />

Já na China, os processos de mudança e adaptação aos padrões<br />

ocidentais vêm acontecendo de forma muito mais rápida e definitiva.<br />

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