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Com base nessa sistematização, Malgesini e Giménez (1997) oferecem,<br />

por fim, um breve balanço acerca das implicações do uso da<br />

emergente noção de interculturalidade nas diferentes esferas do conhecimento.<br />

Os autores destacam, inicialmente, a perspectiva da dinâmica<br />

das culturas introduzida pela interculturalidade enquanto estratégia<br />

conceitual que permite reduzir os riscos de essencialismos, etnicismos<br />

e culturalismos nas análises culturais.<br />

Os processos de interação socioculturais em que se centra a<br />

proposta intercultural é uma segunda dimensão destacada no balanço<br />

proposto por Malgesini e Giménez (1997). No contexto da globalização<br />

e das tecnologias das comunicações, esses processos se traduzem<br />

pela multiplicidade de contatos, interações e mútuas influências, assim<br />

como pelos sincretismos cada vez mais variados e intensos decorrentes<br />

dessas interações. Uma última dimensão potencializada pelo uso do<br />

termo interculturalidade seria a possibilidade de sua articulação aos debates<br />

já existentes em torno de uma cidadania comum e diferenciada.<br />

Em contrapartida, Malgesini e Giménez não deixam de apontar os<br />

riscos de omissão das dimensões socioeconômicas e jurídicas que envolvem<br />

também o uso do termo interculturalidade, a exemplo do que já<br />

se observa em muitas das formulações gestadas sob as terminologias do<br />

pluralismo cultural e do multiculturalismo. O principal desafio consiste<br />

em encontrar uma perspectiva mediadora capaz de articular a ênfase de<br />

“que a interação faz a interculturalidade” com o fato de que “essa interação<br />

não se dá, na maioria das vezes, em um plano de igualdade senão em<br />

desigualdade, domínio e hierarquias etnorraciais (sistemas de estratificação<br />

que vêm se somar aos de classe e de gênero)” (Malgesini; Giménez,<br />

1997, p. 211). Processos que culminam em “novas sínteses culturais”<br />

não estariam, portanto, isentos de conflitos e dinâmicas atravessados<br />

por questões estruturais e cotidianas de poder e de dominação.<br />

DAS POSSIBILIDADES DA COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL<br />

Essa preocupação com os limites da interculturalidade aparecem<br />

também contempladas na reflexão proposta por Alain Touraine (2008)<br />

em torno de uma comunicação intercultural. Na proposição do autor, a<br />

noção de sujeito torna-se indispensável quando se deseja desvendar as<br />

condições e possibilidades da comunicação intercultural e da democra-<br />

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