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animar uma causa, quando na verdade é bem menor o número de pessoas<br />

na ativa” (Veja, 2012, p. 78). Segundo as investigações de Veja, cerca de<br />

“50% das mensagens [do #VejaBandida] partiram de apenas 100 perfis,<br />

entre eles robôs e peões” (Veja, 2012, p. 78). Não seria, assim, uma manifestação<br />

popular, mas sim algo fabricado para ter tal aparência.<br />

Após a publicação da matéria, a denúncia formulada pela Veja repercutiu<br />

na internet de forma peculiar: um novo tuitaço, dessa vez com<br />

o marcador #VejaTemMedo, que ocupou o primeiro lugar na lista dos<br />

assuntos mais comentados do mundo no Twitter durante cinco horas.<br />

A principal mensagem da nova manifestação era de crítica à denúncia<br />

da Veja, afirmando que se tratava de uma tentativa da revista de deslegitimar<br />

o episódio e a opinião expressa pelos cidadãos. Usuários que<br />

haviam participado da manifestação anterior também ironizavam as<br />

acusações sobre o uso de robôs e perfis falsos controlados pelo PT, impulsionadas<br />

pela revelação de que dois dos quatro perfis que a revista<br />

havia identificado como robôs eram legítimos (Nassif, 2012).<br />

A resposta deflagrada pela crítica da Veja, nos permite observar<br />

novamente a existência de uma ambiguidade central do astroturfing. De<br />

um lado, há indícios de uma manifestação de um público simulado – enquanto<br />

dois dos quatro perfis denunciados pela revista eram legítimos,<br />

outros dois eram realmente fraudulentos, sendo mesmo banidos pelo<br />

Twitter. Por outro, há também a presença de um público que de fato<br />

participava das manifestações expressando suas opiniões – a própria revista<br />

implicava tal aspecto ao indicar que 50% das mensagens da manifestação<br />

estavam concentradas em um número pequeno de perfis, o que<br />

significa que o restante partia de um volume maior de usuários. Em última<br />

instância, observar essa ambiguidade acaba por desvelar uma faceta<br />

da complexidade existente no astroturfing, suscitando questionamentos<br />

que demandam abordagens propícias para serem explorados.<br />

PERSPECTIVAS COMUNICACIONAIS SOBRE O ASTROTURFING<br />

Apesar de ter adquirido relevância pública nas últimas décadas,<br />

o astroturfing ainda é pouco explorado em estudos comunicacionais.<br />

São escassos os esforços para lidar com a prática na literatura da área,<br />

e os trabalhos existentes normalmente enveredam em uma vertente de<br />

denúncia, apontando para a ocorrência da prática. Em geral, a prática<br />

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