17.05.2015 Views

isbn_aguardando

isbn_aguardando

isbn_aguardando

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e militância. O militante seria alguém que sacrifica a realização da própria<br />

vida em nome dos interesses da revolução. “Para Sartre, o marxismo<br />

só se ocuparia da existência depois que alguém é inserido no sistema de<br />

produção, ao ganhar seu primeiro salário; tendo mesmo assim uma única<br />

recomendação a dar ao existente: faça a revolução!” (Malini; Antoun,<br />

2013, p. 144). O ativismo então, para Malini e Antoun, seria a<br />

recusa da militância para construir uma vida ativa, ao mesmo<br />

tempo pública e secreta através dos sistemas de hipermídia,<br />

inventando modos de viver no novo meio que reúnam realização<br />

individual e atividade comunitária como expressões de<br />

um mesmo combate político (Malini; Antoun, 2013, p. 144).<br />

Érico Gonçalves Assis (2006, p. 14) vê de outra forma a distinção<br />

entre ativismo e militância, com uma dimensão tática. Ao falar sobre o<br />

“novo ativista”, afirma que este poderia ser considerado mais que um<br />

militante, por participar de um grupo e seguir seus ideais, mas também<br />

por “ir às ruas e criar situações de confronto com seus alvos”, mas menos<br />

que um revolucionário porque “suas ações não buscam remodelar o<br />

sistema de poder vigente de forma impositiva”. Esse modelo de ativismo,<br />

bem como o termo “ativismo”, conforme explica Assis, pode ter se popularizado<br />

em função de sua adoção por grupos da América do Norte e da<br />

Europa. Esses grupos, segundo o autor, buscavam distanciar-se da forte<br />

carga associada às palavras “revolucionário” e “radical”, bem como da<br />

suposta fraca carga da palavra “militante”, que defenderia causas sem<br />

fazer muitas manifestações ativas. Se o termo se popularizou no hemisfério<br />

norte, “revolucionário, militante e radical, contudo, continuam<br />

sendo as palavras de senso comum na América Latina para fazer referência<br />

ao engajamento em manifestações políticas que visam [a] transformações<br />

sociais” (Assis, 2006, p. 13).<br />

O texto de Assis é de 2006, mas após eventos mais recentes,<br />

como os já mencionados Primavera Árabe, 15M, Occupy e Jornadas<br />

de Junho, o termo ativista parece ganhar mais espaço também no<br />

Hemisfério Sul. Não defendemos neste texto o termo ativismo diante<br />

dos outros usados para se referir àqueles que se engajam nas lutas e<br />

causas sociais em geral. Optamos por fazer uma reflexão a partir de<br />

um termo que identificamos em disputa e mesmo em construção, a<br />

partir da pesquisa sobre as significações do termo. Para fins de de-<br />

121

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!