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Para Bruce Bimber, Andrew Flanagin e Cynthia Stohl (2012) os<br />

meios de comunicação digitais se tornaram onipresentes: estão por<br />

todo lado, são parte de nosso complexo tecido cultural. Isto significa,<br />

primeiramente, que os meios de comunicação digitais tornaram-se<br />

correntes. Exatamente como uma tubulação, ou como uma caneta: só<br />

percebemos a sua existência quando desaparecem, ou quando não funcionam<br />

bem. Significa, também, que esses meios são de longo alcance:<br />

têm impacto importante nas nossas vidas, quer os utilizemos ou não.<br />

Poderíamos estabelecer a analogia das cidades que são construídas em<br />

torno dos automóveis: não é preciso dirigir um automóvel para viver em<br />

uma cultura de automóveis. Exatamente como a televisão transformou<br />

radicalmente o panorama cultural global, implicando consequências<br />

para todas as pessoas, quer assistam televisão, quer não.<br />

A onipresença digital alterou definitivamente o panorama da<br />

ação coletiva, a forma como nos engajamos e nos comunicamos com<br />

os outros para produzir resultados sociais satisfatórios. Em gerações<br />

passadas, era preciso contar com grandes organizações formais para<br />

se engajar em algum tipo de ação coletiva, pois os indivíduos, sozinhos,<br />

não tinham a capacidade de arcar com os custos da coordenação<br />

e comunicação (Ganesh; Stohl, 2010). Precisávamos de grupos, associações<br />

profissionais, sindicatos e grandes organizações que estavam<br />

em condições de realizar aquilo que nós, enquanto indivíduos, não<br />

podíamos: organizar, disseminar informações, praticar lobby, aplicar<br />

pressão eficaz junto aos políticos ou outros grupos, promover campanhas<br />

e conquistar visibilidade.<br />

Hoje, no entanto, os custos de coordenação e de comunicação<br />

são praticamente inexistentes; estão incorporados na arquitetura ponta<br />

a ponta dos meios de comunicação digitais. Consequentemente, as<br />

organizações de ação coletiva estão se transformando. A ação coletiva<br />

promovida pelas organizações deu lugar a outras formas de ação social,<br />

mais espontâneas, ad hoc, temporárias e voláteis, o que permite ao indivíduo<br />

conectar-se a outros indivíduos enquanto indivíduos, e não mais<br />

por meio de grupos sociais. É o que estudiosos como Lance Bennett e<br />

Alexandra Segerberg (2013) chamam de ação conectiva, em lugar de coletiva.<br />

A ação conectiva prevalece especialmente no ativismo. Os grupos<br />

de ativistas de hoje são de curta duração; os ativistas podem unir-se em<br />

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