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tive a oportunidade de conversar com três deles 15 . São indivíduos que<br />

construíram percursos singulares até se tornarem consultores. Mas há<br />

também semelhanças em suas experiências. A sua atuação como tradutores<br />

foi possível graças aos trânsitos que fizeram entre dois mundos: o<br />

universo empresarial, especialmente pela via de corporações transnacionais;<br />

e o movimento negro. Falam então duas “línguas” e este capital<br />

permitiu que delimitassem para si um campo de atuação: ajudar as empresas<br />

a responderem à pressão feita pela luta antirracista. Consideram<br />

esta uma tarefa importante, mas enxergam seus limites. Suas análises<br />

das iniciativas de diversidade das empresas é uma prova disso.<br />

Todos apontaram que as organizações ainda não estabeleceram<br />

conexões claras entre a diversidade e as estratégias de negócio. Daniel<br />

afirmou que, em seus trabalhos, aconselha os gestores a levarem em<br />

consideração a diversidade no momento de tomar decisões, sejam<br />

aqueles referentes às equipes de trabalho, sejam as relativas a produtos<br />

ou a fornecedores. Todavia, acredita que seus conselhos ainda<br />

não são colocados em prática. “Não vejo as empresas falarem assim:<br />

‘Operamos no Brasil, onde os negros representam quase 50% da população,<br />

portanto temos que incorporar a diversidade racial em nossas<br />

estratégias’. Talvez seja uma tendência para o futuro”, ponderou. A posição<br />

de Manoela vai nessa mesma direção. Ela considera que as empresas<br />

que atuam no país estão muito distantes de incorporar a gestão<br />

da diversidade em todo seu potencial. “A gente ainda está discutindo<br />

se somos ou não racistas, se existem ou não desigualdades raciais, se<br />

vamos criar programas específicos para negros, este tem sido o tom<br />

da conversa no mundo empresarial brasileiro”. A visão de Luciana não<br />

destoa das demais. “As empresas colocam alguém para coordenar as<br />

iniciativas de diversidade, mas não existe cargo, nem programa, nem<br />

plano de ação, muito menos avaliação dos resultados”, pontuou. “O<br />

que se faz é realizar alguns eventos internamente, patrocinar outros e<br />

então mostrar muitas fotografias”, complementou.<br />

Mas, se esses consultores concordavam que as empresas que operam<br />

no Brasil ainda não incorporaram a diversidade em suas estratégias<br />

de negócio, a que atribuíam a decisão delas de investirem em programas<br />

dessa natureza e, mais especificamente, em ações voltadas para a po-<br />

15<br />

Utilizo aqui nomes fictícios para apresentar seus discursos.<br />

91

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