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Ainda que se detenha sobre as experiências morais como motivação<br />

para conflitos sociais, Honneth afirma que há outro modelo, em que<br />

os conflitos têm origem pelos interesses coletivos de conservar ou aumentar<br />

a possibilidade de reprodução de bens simbólicos ou culturais.<br />

Um modelo não substitui o outro; ao contrário, ambos complementam-<br />

-se, “pois permanece sempre uma questão empírica saber até que ponto<br />

um conflito social segue a lógica da persecução de interesses ou a lógica<br />

da formação da reação moral” (Honneth, 2003, p. 261).<br />

Se há motivações para conflitos quando coletivos sociais se reúnem<br />

para reivindicar acesso a bens materiais, inseridos no modelo de<br />

persecução de recursos, podemos supor que há também motivações<br />

morais decorrentes do desrespeito moral vivenciado justamente por<br />

terem o acesso aos bens negados. Por isso Honneth considera que protesto<br />

e a resistência só ocorrem quando uma modificação da situação<br />

econômica é vivenciada como uma lesão normativa. Assim, a investigação<br />

das lutas sociais estaria ligada de forma fundamental “ao pressuposto<br />

de uma análise do consenso moral que, dentro de um contexto<br />

social de cooperação, regula de forma não oficial o modo como são<br />

distribuídos direitos e deveres entre os dominantes e os dominados”<br />

(Honneth, 2003, p. 263).<br />

Assim, no caso das mobilizações nos países árabes, nos países europeus<br />

que enfrentaram políticas de austeridade, nos Estados Unidos<br />

contra a desigualdade de distribuição de recursos e no Brasil quando<br />

houve mobilizações em boa parte dos estados diante do aumento das<br />

passagens de ônibus, podemos inferir que houve alguma modificação<br />

na forma como a coletividade percebia seja a distribuição de poder nos<br />

países árabes ou a distribuição de riquezas ou, ainda, o aumento do custo<br />

de vida ou do custo da passagem, de modo a impedir o acesso a itens<br />

básicos para a sobrevivência digna.<br />

Honneth (2003, p. 259) afirma ainda que os movimentos sociais,<br />

além de uma ação reivindicatória, representam também uma mudança<br />

de lugar: da paralisia do rebaixamento tolerado, para a uma atividade<br />

nova e positiva, a partir da qual “encontra respeito social como<br />

pessoa a quem continua sendo negado todo o reconhecimento sob as<br />

condições existentes”.<br />

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