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Tese 8 - Neip

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como o álcool e tabaco, há cada vez mais delimitações de sanções e controles sociais.<br />

Estas configurações comunitárias ainda podem diferir entre elas no que diz respeito à<br />

faixa etária, gênero, classe, etnia e formação acadêmica. Nesse sentido, o ponto de<br />

interseção costurado entre variadas drogas e contextos de consumo é que os<br />

consumidores aqui interlocutores são universitários 3 , o que minimamente já garante que<br />

estes buscam alguma superação do estigma, ao sustentarem uma outra carreira além da<br />

carreira de usuário.<br />

O que? Se fosse investigá-los apenas enquanto usuários de drogas, talvez fosse<br />

interessante trabalhar com a categoria rede (Romani:1999), mas como os investigo<br />

como universitários usuários, a categoria comunidade (Bauman:2003) parece mais<br />

adequada, na medida em que mesmo não havendo um contato direto e voluntário entre<br />

todos os interlocutores, há uma referência identitária comum que passa pelo título de<br />

estudante universitário, o que lhes confere um estatuto muito mais sólido por<br />

caracterizar um pertencimento estabelecido. Se os represento como comunidades 4 ,<br />

quero salientar com isso, os valores e objetivos comuns à carreira universitária; por<br />

exemplo, a demanda pela produção de conhecimento – inclusive sobre drogas -, e<br />

principalmente sua representação ante a sociedade. Por outro lado, não seria muito<br />

preciso defini-los como grupo, pois muitos deles nem se conhecem. Se podem ser<br />

representados como um grupo, o devem ser apenas como o grupo de sujeitos dessa<br />

pesquisa, mas nunca como um grupo entre eles mesmos.<br />

Quais os habitus sociais que de modo dominante configuram estas comunidades? O<br />

tipo de droga preferencial? O curso que fazem? O poder aquisitivo? Qualquer que seja o<br />

leque de respostas, descarto duas categorias de análise para abordá-los: subcultura e<br />

contracultura. Adotar as representações de subcultura e de contracultura para analisar<br />

consumidores de drogas é correr o risco de ser conivente com a estigmatização, pois<br />

subcultura e contracultura acabam indicando uma relação de dependência (sub) e<br />

negação (contra) em referência a alguma “Cultura” dominante. Os interlocutores aqui<br />

não percebem suas culturas como dependentes, mas sim como interdependentes em<br />

relação a outras culturas e buscam a superação das diferenças, não sua negação.<br />

Também a teoria do desvio que tem grande valor principalmente quando se estuda<br />

grupos de excluídos, não é priorizada neste estudo, o que não quer dizer que seja<br />

3 - e dentro desta categoria, novamente encontro particularidades ligadas a faixa etária, gênero, classe,<br />

etnia e formação acadêmica, que só ganham sentido analítico quando configuradas.<br />

4 - de modo mais preciso prefiro dizer comunidades, no plural. Posteriormente retomarei a questão.<br />

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