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Tese 8 - Neip

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que pudessem propiciar uma interlocução, mas, de cinco contatos realizados - contatos<br />

efetuados por intermédio da rede de relações de outros interlocutores - nenhum se<br />

dispôs a participar da pesquisa, com receio de que a exposição de sua privacidade<br />

maculasse-lhe a representação, mesmo sendo assegurado o anonimato 46 .<br />

De forma geral há nessa postura defensiva uma indicação de que o discurso desses<br />

médicos pode estar muito mais próximo de delimitar a relação liberdade X segurança<br />

como uma oposição – ou uma categoria ou outra. Por sua vez, o discurso dos<br />

interlocutores oriundos das humanidades, que na quase totalidade achou fundamental<br />

trazer esta discussão à baila sem temer que a exposição de suas idéias lhes maculasse a<br />

representação, está mais próximo da busca por uma relação de complementaridade entre<br />

as categorias liberdade e segurança – uma categoria e a outra. Assim, há indicações de<br />

que diferenças entre uma área de conhecimento e outra não residem apenas nas<br />

metodologias de pesquisa e nos seus objetos de estudo, mas principalmente em função<br />

das perspectivas e das representações dos sujeitos envolvidos e de seus respectivos<br />

status.<br />

Ao perspectivar a realidade acadêmica local é bom lembrar que se a realidade da<br />

França pesquisada por Bourdieu e a realidade do Brasil são muito diferentes, o modelo<br />

universitário brasileiro tem uma interface com o modelo francês, 47 daí ser não apenas<br />

possível como viável dialogar com essa interpretação de Bourdieu. Mas de qualquer<br />

maneira, não é só a realidade universitária francesa que oferece material comparativo<br />

para a pesquisa aqui em curso, como deixa claro, o estudo efetuado por Habermas,<br />

Friedeburg, Oehler e Weitz entre os estudantes alemães no mesmo momento histórico<br />

da pesquisa francesa, intitulada: O comportamento político dos estudantes comparado<br />

ao da população geral. Nessa pesquisa, há indícios de uma possível universalização do<br />

perfil dos universitários, perfil traçado anteriormente.<br />

“A situação do estudante é, antes de mais nada, peculiar. Por um lado, é<br />

considerado adulto e, por outro, não tem licença para sê-lo... Os interesses<br />

‘ligados à formação’ dos estudantes são transitórios. Não são fixos, como os<br />

interesses profissionais, mas ligados à situação temporária da formação.<br />

Contudo os estudantes não são mais alunos. São considerados adultos, cuja<br />

responsabilidade é alvo dos apelos de todos os grupos imagináveis,<br />

inclusive do Estado” (HABERMAS, FRIEDEBURG, OEHLER & WEITZ:<br />

1968,116) .<br />

46 - dessa forma o universo da pesquisa de mestrado se concentrou nas humanidades onde a receptividade<br />

ao projeto foi ampla.<br />

47 – basta analisar a formação da USP, referência nacional como centro universitário Prime.<br />

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