06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Nêmesis - Eu não fico falando que eu fumo! Eu me porto naturalmente.<br />

Eu não tenho essa coisa do pudor: ah, é meu aluno, não pode saber, não<br />

existe na minha cabeça. Agora eu me relaciono com alguns, tem um<br />

estudante que não é meu aluno que vem na minha casa e eu fumo junto sem<br />

nenhum problema. Eu não vejo isso como eu tar influenciando<br />

negativamente. É a cabeça dele, a formação dele.<br />

Eu não me sinto marginal, eu me sinto alternativa. Agora também eu sei<br />

que sou muito querida, mas eu me sinto alternativa. E também eu sou<br />

rebelde, eu faço questão de quebrar. Mas é uma maneira também de eu<br />

marcar meu espaço, né? Talvez não tenha competência pra demarcar de<br />

outra forma... mas eu acho que não é não, na minha concepção eu não seria<br />

feliz se eu fosse aquele estereótipo de professora toda certinha, sabe? Na<br />

maneira de vestir, na maneira de portar, Nossa Senhora! Deus me livre!<br />

(VALENÇA:2005,126).<br />

Nêmesis acredita e investe numa postura outsider como assinatura identitária, e com<br />

essa assinatura obtém apreciação positiva entre seus alunos. Nêmesis sendo rebelde “faz<br />

questão de quebrar”, marcar seu espaço, sentindo que é “muito querida”, sem ter que<br />

fazer um supremo esforço no controle de suas emoções para ser representada como uma<br />

típica estabelecida – seus longos cabelos trançados e tingidos de vermelho já fornecem<br />

uma pista. Como ela diz; seu discurso não é marginal, é alternativo. Esta<br />

autorepresentação indica que ela está consciente do seu valor e da sua estima, não se<br />

sentindo à margem. Porém há quem sustente uma postura menos rebelde na relação<br />

entre docente outsider e discente outsider, menos centrada na figura do professor e sim<br />

nas trocas empáticas entre pessoas:<br />

Panacéia - Pelo menos em sala de aula eu procuro ter uma aproximação<br />

muito grande, uma empatia com os alunos, eu não vou tá expondo a minha<br />

vida pessoal em sala de aula, mas, a depender do aluno, acho que não<br />

impede que tenha um relacionamento pessoal, pelo contrário, inclusive eu<br />

própria tenho um envolvimento pessoal com professores, mas não... Posso<br />

sair com alunos e beber também, não tem problema não. Enquanto está no<br />

meu curso, for meu aluno tem o máximo de limite possível, mas passou a<br />

ser aluno dos outros... (VALENÇA:2005,127)<br />

Ferônia - Eu tenho alunos que eu sentaria para fumar com eles... Um<br />

professor universitário não pode ser vulgar, mas os alunos buscam isso...<br />

Tenho alunos extremamente reacionários, maconha, nem pensar! Drogas tão<br />

sempre associadas a ser maluco.<br />

T.V. - Maconha na universidade incomoda?<br />

Ferônia - De jeito nenhum, eu passo pelos meus alunos lá no campus e<br />

vejo eles fumando, deitados tomando cachaça, ou fazendo nada, trocando<br />

idéias, acho extremamente saudável, não me incomoda, quando posso me<br />

aproximo, identifico quem são as figuras e há um reconhecimento étnico que<br />

é mútuo, uma aluna diz: ‘ah professora, a senhora aí e essa sua roupa<br />

hippie?’ (risos) ela faz uma identificação que não passava só pela minha<br />

roupa, passava por outras coisas que ela lia por trás daquela minha... e eu<br />

nem sou tão hippie! (VALENÇA:2005,127)<br />

275

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!