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Tese 8 - Neip

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tudo um risco, restando a liberdade de escolher, no presente, as opções capitalizáveis de<br />

felicidade:<br />

“a liberdade de escolha é, na sociedade pós-moderna, o essencial entre os<br />

fatores de estratificação” (BAUMAN:1998,118), “Na sociedade pósmoderna<br />

e de consumo, escolher é o destino de todos, mas os limites de<br />

escolhas realistas diferem e também diferem os estoques de recursos<br />

necessários para fazê-las. É a responsabilidade individual pela escolha que é<br />

igualmente distribuída, não os meios individualmente possuídos para agir<br />

de acordo com essa responsabilidade”. (BAUMAN:1998, 243).<br />

E quando há “responsabilidade individual pela escolha que é igualmente distribuída”,<br />

a lógica do consumo de drogas ganha transparência, pois, é possível perceber que<br />

através desse consumo, não só o traficante pode encontrar o caminho mais rápido para o<br />

enriquecimento – ou ao menos viver em torno desta representação - como o usuário<br />

também pode escolher uma instrumentalização específica para trazer ao presente<br />

alguma liberdade para pleitear a felicidade. No crepúsculo da cultura de produção essa<br />

possibilidade já havia sido apontada:<br />

“O serviço prestado pelos veículos intoxicantes na luta pela felicidade e no<br />

afastamento da desgraça é tão altamente apreciado como um benefício, que<br />

tanto indivíduos quanto povos lhe concederam um lugar permanente na<br />

economia de sua libido. Devemos a tais veículos não só a produção<br />

imediata de prazer, mas também um grau altamente desejado de<br />

independência do mundo externo, pois sabe-se que, com o auxílio desse<br />

‘amortecedor de preocupações’ é possível, em qualquer ocasião, afastar-se<br />

da pressão da realidade e encontrar refúgio num mundo próprio, com<br />

melhores condições de sensibilidade. Sabe-se igualmente que é exatamente<br />

essa propriedade dos intoxicantes que determina o seu perigo e sua<br />

capacidade de causar danos”, (FREUD: 1974 A, 97).<br />

Eis o cerne do “mal-estar da modernidade” 122 , ou seja, se o que leva à felicidade ou<br />

ao menos à amortização de preocupações é um fator de risco, vale a pena optar por<br />

escolher tal risco? Se na cultura de produção as categorias freudianas princípio da<br />

realidade e o princípio do prazer (Freud:1974 B), acabaram sendo configuradas em rota<br />

de colisão - se deve escolher a segurança ou o risco - na cultura de consumo, a<br />

responsabilidade individual pelas escolhas dos riscos fornece segurança à construção da<br />

liberdade e liberdade à construção da segurança.<br />

122 - trocadilho que procura se situar entre O mal-estar da civilização (FREUD, 1974 A) e O mal-estar da<br />

pós-modernidade (BAUMAN, 1998).<br />

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