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Tese 8 - Neip

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5.5 - Recursos miméticos para reencantar a realidade cotidiana<br />

Se práticas religiosas ganham espaço, alguns professores consideram que entre as<br />

atividades que são facilmente associáveis com o autoconhecimento e a busca por<br />

transcendência, as práticas esportivas não merecem maiores investimentos. As<br />

atividades – e suas representações miméticas - eleitas por estes geralmente não buscam<br />

um maior controle sobre o próprio corpo, mas sim uma liberação da mente ou do<br />

espírito, e nesse sentido, quando tais atividades não são de ordem terapêutica ou<br />

religiosa, cumprem uma função sexual. Diferentemente, os estudantes acreditam que os<br />

controles exercidos em relação ao próprio corpo são importantes para a configuração do<br />

bem-estar e da busca por felicidade. Eles investem em esportes (nove deles) e<br />

exercitam a sexualidade sem a compulsividade do descontrole de limites que marcou a<br />

juventude de alguns professores mais velhos - lembrando aqui que os discentes Zumbi<br />

e Cleópatra negaram as representações dominantes sobre as manifestações da<br />

sexualidade na cena eletrônica (pgs. 202 e 204).<br />

Já quando o ponto de referência são os demarcadores tradicionais da cultura<br />

ocidental, a proximidade entre as duas comunidades foi maior. Foi observado que os<br />

professores são consumidores de um capital cultural musical, cinematográfico e literário<br />

em grande parte centrado nos anos 1960: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil,<br />

The Beatles, The Rolling Stones, Dylan, Joplin, Buñuel, Godard, Fellini, Glauber,<br />

Kubrick, Garcia Marques, Huxley, Leary, e alguns autores que despontaram nos anos<br />

50 como Sartre, o pessoal da Beat Generation e Jorge Amado. Vários estudantes<br />

também abraçaram doses de capital cultural configurado nos anos 60; de The Beatles e<br />

Caetano a Huxley, Leary e Castañeda, passando por Godard e Fellini. Estes autores<br />

construíram obras que puseram e ainda põem em xeque o patamar de valores culturais<br />

“naturalizados” como tradicionais e se foram inicialmente representados como<br />

outsiders, com o passar do tempo ganharam status como estabelecidos.<br />

As significações para o consumo que professores e estudantes operam passam pelos<br />

efeitos farmacológicos das drogas, mas não se limitam a estes. Por exemplo, os<br />

professores consumidores exclusivos de bebida alcoólica afirmam claramente estar em<br />

busca de sociabilidades, já que o grande prazer desses bebedores é beberem<br />

acompanhados, muito mais do que simplesmente beber – inclusive Poseidon não leva<br />

bebida para casa, pois seu lugar de sociabilidade é no barzinho. A professora Panacéia,<br />

consome seus antidepressivos e ansiolíticos sozinha, para posteriormente se sentir mais<br />

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