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Tese 8 - Neip

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violência – facilitando a ocorrência de deficiências físicas, doenças e mortes - é<br />

equivocado estigmatizar os usuários compulsivos de álcool por tal situação:<br />

“esses problemas não são devidos principalmente aos dependentes do<br />

álcool, pequena proporção do total de pessoas que consomem álcool, mas<br />

pela grande fatia de jovens e adultos que, sob efeito do álcool, expõem-se a<br />

uma variada gama de situações arriscadas.” (CARLINI-<br />

MARLATT:2008,306).<br />

Os jovens usuários recreativos de álcool - por exemplo, aqueles que bebem em<br />

excesso nos fins de semana - se não estabelecerem controles informais sobre seus<br />

consumos correm o risco de não saberem distinguir entre o hedonismo e uma moratória<br />

sem limites de contenção, podendo passar à categoria de usuários problemáticos,<br />

diferentemente dos usuários considerados “dependentes”, que por conviverem<br />

cotidianamente com os riscos acabam aprendendo a administrá-los. Uma reflexão<br />

analógica simplista poderia resultar na seguinte projeção: se os usuários recreativos de<br />

álcool podem ser problemáticos, os usuários vistos como “dependentes” de drogas<br />

ilícitas também o podem e assim deve ser. Com essa reflexão por aproximação, os<br />

usuários recreativos de drogas ilícitas saem mais uma vez prejudicados, pois entre estes,<br />

os usuários problemáticos - aqueles que estão diretamente envolvidos com descontroles<br />

e danos em torno do consumo – são minoria absoluta, estando em torno de 10% 67 . O<br />

problema é que na prática representacional, esta minoria empresta sua fama para os<br />

outros 90% de usuários recreativos não necessariamente problemáticos, favorecendolhes<br />

algum grau de estigmatização. Resumindo; os usuários recreativos de álcool podem<br />

ser um problema representacional para os usuários considerados “dependentes” por<br />

terem menos contato com a necessidade frequente de exercer mecanismos de controle.<br />

Já no caso dos usuários de drogas ilícitas, os usuários taxados como “dependentes” é<br />

que são um problema de ordem representacional para os usuários recreativos.<br />

Responsável pela análise da relação entre drogas e jovens no projeto de pesquisa do<br />

Instituto Cidadania, Carlini-Marlatt (2008, 310) não só afirma que o consumo de álcool<br />

e tabaco de 1970 pra cá aumentou como indica que o consumo de drogas ilícitas no<br />

país também cresceu. Ela corrobora essa observação por intermédio da pesquisa<br />

efetuada pelo CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas) - o 1°<br />

67<br />

- e usuário descontrolado não deve ser confundido com usuário de drogas pesadas, pois como aponta<br />

Grund (1993) a maioria destes últimos tende a desenvolver estruturas de vida nas quais o controle é uma<br />

constante. O usuário descontrolado pode fazer um uso sem controle de qualquer droga, leve ou pesada.<br />

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