06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

maconha no café da manhã do hotel. De fato, eles fumaram, mas o dado que foi<br />

desconsiderado é que a bomba e as brincadeiras foram atividades realizadas quando<br />

estavam consumindo álcool de forma desmedida e não maconha. O dado que merece<br />

reflexão é que, independentemente deles terem fumado um baseado e terem bebido<br />

litros de álcool, na representação pública aquele comportamento desviante de estudantes<br />

de medicina foi produto do consumo de maconha e não do álcool ou ao menos da<br />

interação entre ambos. Como indica o interlocutor seguinte, mesmo entre os integrantes<br />

da área médica o álcool não é sempre representado como uma substância psicoativa.<br />

T.V. - Há consumo perceptível de substâncias psicoativas no ambiente acadêmico?<br />

Lampião - Rola, partindo do pressuposto de que o álcool é uma substância<br />

psicoativa e é a mais divulgada, a mais falada, de uso banalizado, por conta das<br />

pessoas que não a rotularem como psicoativo. Ali naquele meio onde tá a faculdade de<br />

Medicina que é onde tem alguns bares; tem a Faculdade de Educação, o ISC, o<br />

Instituto de Saúde, o velho “Chuleta” que é o ponto de encontro do pessoal da<br />

faculdade. Lá, o uso de álcool é comum, frequente inclusive. Nas festas com bandas em<br />

que os componentes são da própria universidade, a presença do álcool é constante.<br />

Se o consumo de álcool parece não causar estranhamento na comunidade<br />

universitária da área de saúde, outros consumos têm receptividade mais localizada.<br />

Como no caso da comunidade dos estudantes de História:<br />

T.V. - O consumo entre seus colegas era de que substâncias?<br />

Oscar Wilde - Nas festas; cocaína, no cotidiano de aulas; maconha. Álcool sempre!<br />

Faz parte de uma certa rotina das pessoas beberem antes ou após as aulas.<br />

Essa rotina em relação ao álcool tem seus procedimentos de pertença característicos<br />

entre os estudantes, o que Zinberg (1980) chamaria de rituais sociais; um lugar para<br />

consumo, um horário apropriado e a companhia certa – procedimentos que se aplicam<br />

as outras drogas também. Os universitários que passam a ter contato com esses hábitos<br />

rituais fortalecem seus vínculos de confiança na segurança comunitária ao tempo em<br />

que, enquanto grupo, fortalecem uma identidade. Para alguém que já teve algum contato<br />

com esses rituais, não é difícil observar a sua configuração. Mas há uma condição<br />

221

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!