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Tese 8 - Neip

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Essa juventude - principalmente a com maior nível de escolaridade - interessada em<br />

cultura e lazer não vê muito sentido em buscar modelos de liberdade que não levem em<br />

conta aspectos de segurança:<br />

“ter liberdade (citado por 22%) é mais valorizado pelos mais velhos,<br />

sobretudo os homens: 33% dos rapazes com mais de 20 anos formula desse<br />

modo o que é melhor de ser jovem, ante 14% das moças adolescentes [...] A<br />

citação desse elemento também é maior entre quem está na PEA 63 (24%) do<br />

que entre quem não está (15%), o que tem relação com a maior idade de<br />

quem está na PEA, mas também com a mobilidade que é conquistada pelos<br />

jovens que começam a trabalhar, em razão tanto do maior ‘respeito’<br />

conferido pela família quanto do dinheiro sobre o qual podem decidir<br />

gastar.” (ABRAMO: 2008, 57).<br />

Para estes jovens, o respeito da família e a possibilidade de terem dinheiro para<br />

estarem inseridos numa cultura de consumo propiciam maior segurança para conferir às<br />

suas buscas por liberdade uma representação com valoração socialmente positiva. Mas o<br />

que essa juventude quer dizer com liberdade? É possível dizer que liberdade significa<br />

liberdade de opção para consumir, mas também é possível dizer que essa perspectiva de<br />

liberdade é construída em meio à possibilidade de escolher com responsabilidade, entre<br />

os valores que se consideram piores e melhores na inserção do jovem no mundo adulto:<br />

“entre as piores coisas de ser jovem estão, conviver com riscos (23% da amostra), falta<br />

de liberdade (22%) e falta de trabalho ou renda (20%)”. (Abramo: 2008, 58). Se até<br />

pouco tempo atrás, juventude era antônimo de responsabilidade, a ressignificação da<br />

juventude implica em que para usufruir da liberdade é preciso desfrutar também de<br />

segurança. Na atual configuração da cultura de consumo, assumir a responsabilidade de<br />

conviver com riscos ainda assusta 23% da amostra, enquanto outros 22% temem<br />

exatamente a falta de liberdade – para encarar os riscos. Estes números tão próximos<br />

indicam que para estes jovens liberdade e segurança são configuradas como categorias<br />

estanques, não submetidas a experiências de vida que possibilitem reflexões profundas,<br />

o que por sua vez não favorece uma percepção destas mesmas como categorias<br />

aporísticas e em certa medida até complementares.<br />

Se questões de violência e segurança ganham mais peso entre os assuntos que<br />

preocupam em maior proporção os que sustentam mais alto nível de escolaridade –<br />

assim afirmam 64% dos que atingiram o ensino superior contra 32% dos que só<br />

atingiram o ensino fundamental - , é curioso notar que entre os mais escolarizados, as<br />

63 - PEA: população economicamente ativa.<br />

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