06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

foi perceptível que alguns usuários de álcool tinham aversão por uso de maconha e<br />

alguns usuários de maconha manifestavam um certo descaso por uso de cocaína, na<br />

pesquisa com estudantes foi perceptível que 68% dos interlocutores era poliusuária.<br />

Essa diferença de postura entre professores e estudantes está relacionada com a menor<br />

idade dos estudantes que, imersos na cultura de consumo estão habituados às<br />

configurações antitéticas. Para os professores, que por serem mais velhos acabam sendo<br />

herdeiros de alguns valores característicos da cultura de produção, as diferentes drogas<br />

tendem a não comungar necessariamente culturas igualitárias.<br />

Digo culturas igualitárias na medida em que na virada da década de 1960/70,<br />

Baudrillard (1995,47) refletia que a busca da “felicidade constitui a referência absoluta<br />

da sociedade de consumo, revelando-se como o equivalente autêntico da salvação”, pois<br />

o “mito da felicidade é aquele que recolhe e encarna, nas sociedades modernas, o mito<br />

da igualdade”. Na devida proporção em que “Para ser o veículo do mito do igualitário, é<br />

preciso que a felicidade seja mensurável por objetos e signos do conforto” (1995,47), o<br />

consumo é perspectivado como a moral da cultura contemporânea, disponibilizando o<br />

consumidor para atingir a felicidade que pode se encontrar materializada em uma pílula,<br />

um cigarro, ou em uma bebida, em – teóricas - condições igualitárias de escolha.<br />

O lugar onde se exerce o consumo já nem precisa ser o shopping center, mas<br />

simplesmente o cenário da vida cotidiana, cenário no qual o corpo social é um palco<br />

onde se mimetizam símbolos, capitais e representações: “o consumo surge como modo<br />

ativo de relação (não só com objetos, mas ainda com a coletividade e o mundo), como<br />

modo de atividade sistemática e de resposta global, que serve de base a todo nosso<br />

sistema cultural” (Baudrillard:1995,11). Neste modo ativo de relação, as trocas cruzam<br />

riscos e incertezas.<br />

No caso das drogas, riscos e incertezas balizados pela ilicitude, pela proibição. É<br />

exatamente em função do modelo proibicionista que por exemplo, em Amsterdã, onde<br />

consumir maconha é permitido em coffee shops 118 e no Cannabis Cup 119 , o consumo é<br />

muito mais intenso entre turistas internacionais que chegam naquela cidade sedentos por<br />

novidades 120 do que por holandeses. Entre os nativos de Amsterdã o consumo não<br />

aumentou proporcionalmente desde que a tolerância passou a vigorar em 1976, contudo,<br />

118 - em 2008 havia em Amsterdã 228 coffee shops, sendo que o total na Holanda é de 750 coffee shops.<br />

119 - festival anual onde, pagando cerca de duzentos euros, o consumidor pode fumar as melhores<br />

maconhas do mundo.<br />

120 - no mercado holandês há infinitos produtos derivados da maconha: cosméticos, cervejas, roupas, etc.<br />

110

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!