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Tese 8 - Neip

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Analisando estas últimas colocações, a questão nevrálgica para uma maior interação<br />

entre professores e alunos outsiders parece ser as expectativas a respeito da<br />

representação do professor – expectativas que às vezes partem do próprio professor; se<br />

ele chega como “alternativo” ou mesmo se chega como “vulgar”. Os professores estão<br />

cientes de que suas representações causam impacto entre os alunos - é só lembrar que a<br />

estudante Salomé chamou a atenção para a imagem de hipócrita que pode aderir à pele<br />

de um professor que “encaretou”. A preocupação dos professores com as suas<br />

representações e com o envolvimento com os alunos é diferenciada entre os docentes<br />

que ensinam em universidade públicas e os que ensinam em faculdades particulares,<br />

pois os primeiros acreditam que há mais liberdade na universidade para exercer o papel<br />

de professor, liberdade que de certa forma, mostram-se empenhados em desfrutar,<br />

inclusive trazendo o consumo de drogas para o campo das reflexões. Já os que lecionam<br />

em faculdades particulares parecem ter um olhar mais voltado para a sobrevivência,<br />

algumas vezes sendo muito menos educadores do que funcionários de uma faculdade<br />

em busca de um salário. Neste caso, o discurso tende a cindir liberdade e segurança, e o<br />

envolvimento com alunos se torna mais controlado para evitar correr riscos<br />

desnecessários. Como diz Ferônia: “Tenho alunos extremamente reacionários, maconha,<br />

nem pensar! Drogas tão sempre associadas a ser maluco” (Valença:2005,127).<br />

Por outro lado, aqueles que além de lecionar em universidade pública possuem um<br />

longo currículo 211 , já conquistaram alguma respeitabilidade para se sentirem seguros e<br />

confiantes o suficiente para incluir em sala de aula, a problemática das drogas como<br />

uma questão em que a reflexividade científica pode favorecer à desestigmatização:<br />

Pã - Há muitos anos atrás comecei a pensar num curso sobre drogas.<br />

Todo semestre eu dou esse curso. Todo mundo acha uma boa idéia. Era uma<br />

forma de fazer um trabalho com os alunos. Embora eu não veja o curso<br />

como uma forma de prevenção, tem gente que vê assim. A melhor forma de<br />

tratar o uso de drogas é você aprofundar o pensamento sobre isso e levar as<br />

pessoas a pensar essa questão fugindo dos estereótipos. Embora meus<br />

colegas não saibam o que acontece nesse curso, todos me apóiam.<br />

Eu estabeleço com meus alunos relações bastante amigáveis. Eu não<br />

tenho a imagem clássica do professor. Consequentemente os alunos<br />

respondem de uma forma amigável. Inicialmente eu sentia a maior<br />

hostilidade por parte dos alunos, “nós contra ele!”. Eu acho que existe<br />

bastante na universidade, de um lado os alunos e do outro os professores,<br />

hoje não mais, porque eu tenho uma certa reputação. E eu já vi professores<br />

com umas atitudes, que faça-me o favor! Então, quando eu começava o<br />

211 - associando o tempo de atuação com uma maior experiência de vida desses professores, é perceptível<br />

que as narrativas que mais aprofundaram as reflexões sobre o consumo foram aquelas realizadas por<br />

docentes com mais tempo de atuação – 50% dos pesquisados está com 15 anos ou mais de atuação.<br />

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