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Tese 8 - Neip

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consumo na qual cada droga deve ser pensada de modo específico, de acordo com suas<br />

características, ou seja, se há uma regulação maior para o consumo de álcool e tabaco,<br />

também pode haver não apenas tolerância maior para o consumo de maconha, mas uma<br />

regulação para o seu consumo. Se por um lado, os especialistas ortodoxos continuam<br />

tentando impor sanções indistintas para usuários de maconha e de crack, especialistas<br />

heterodoxos já divulgam que a maconha é tão diferente do crack quanto os<br />

antidepressivos são dos ansiolíticos. De acordo com Masur e Carlini os piores efeitos da<br />

maconha estão nos controles sociais que lhes são impostos. Segundo dizem, a:<br />

“revista da Associação Brasileira de psiquiatria, órgão oficial dos<br />

psiquiatras brasileiros, publicou em 1987 um editorial que sugere a<br />

descriminalização da maconha” no sentido de ampliar “as possibilidades de<br />

recuperação do usuário, isolando-o do traficante e evitando sua dupla<br />

penalização: a pena social por ser um drogado e a pena legal por ser um<br />

drogado, esta última muitas vezes mais danosas do que a primeira”,<br />

(MASUR & CARLINI: 2004, 86).<br />

No ponto de vista dos autores a descriminalização da maconha não só afastaria o<br />

usuário do circuito violento do tráfico como corrigiria o que já foi chamado de erro<br />

histórico: “não se tem comprovado ser a maconha o primeiro degrau de uma escalada<br />

para narcóticos” (idem:2004, 87). Ainda de acordo com os autores, o discurso da<br />

descriminalização em alguns setores da área de saúde não é novidade, já se insinuava<br />

desde 1980, podendo ser percebido através de um editorial do Jornal Brasileiro de<br />

Psiquiatria: “o perigo maior do uso da maconha é expor os jovens a consequências de<br />

ordem policial sumamente traumáticas” (idem:2004, 87) .<br />

As reflexões de um ex-membro do Conselho Federal de Entorpecentes (Carlini) e de<br />

uma ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e do Alcoolismo<br />

(Masur) acabam dialogando com as ciências sociais e humanas, pois chamam a atenção<br />

para o fato que:<br />

“vários sociólogos americanos afirmam que o uso crônico de maconha, ao<br />

contrário da imagem popular, não torna os jovens alienados e estranhos,<br />

mas reflete uma rejeição do sistema social e das regras da sociedade, não<br />

indicando necessariamente uma desorganização social” (2004, 93).<br />

Se “o uso crônico de maconha não torna os jovens alienados e estranhos”, de acordo<br />

com o que pensam “vários sociólogos americanos”, também as novas reflexões<br />

operadas por alguns setores da área médica estariam indicando que a “naturalização”<br />

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