06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

norteariam as dificuldades para administrar as dimensões públicas e privadas dessa<br />

tentativa de mudança de paradigma.<br />

“existe uma tendência inerente aos estudantes para tomar uma posição<br />

definida em relação ao status quo, extensiva à vida intelectual e a seu status<br />

de futura elite, na qual tentam valer-se de seus conhecimentos e valores<br />

como padrões de julgamento do comportamento manifestado pelas elites<br />

atuais [...] Muitos movimentos de protesto que visam mudanças na<br />

universidade não são necessariamente vinculados a uma reivindicação por<br />

mudanças radicais na estrutura social. [...] Apesar de receber um tipo de<br />

educação conforme a uma moderna orientação dentro da universidade,<br />

muitos dos estudantes dessa sociedade, se não a maioria, foram socializados<br />

num ambiente tradicional, e deles só se pode esperar que resistam às<br />

mudanças que ameaçam transformar radicalmente os valores e<br />

conhecimentos com os quais cresceram”, (LIPSET:1968, 134).<br />

Assim também como os pesquisadores alemães, Lipset constata que a busca por<br />

mudanças realizada pelos estudantes se refere a interesses específicos, não sendo<br />

necessariamente interesses estruturais. De modo geral, os aspectos que parecem comuns<br />

a esses quatro estudos realizados nos anos 1960 e que devem ser registrados, são que;<br />

ao universitário é permitido um modelo de inversão – na polarização<br />

segurança/liberdade -, para tornar-se adulto com permissão para não sê-lo quando assim<br />

fosse adequado. Sua cultura política - num modelo cultural que se representa como<br />

menos retórico do que mimético -, por mais que busque ser autônoma não o é, estando<br />

interpenetrada com a cultura política ortodoxa, e refletindo esta tensão para o restante da<br />

sociedade.<br />

Já especificamente no caso de um país como o Brasil que, diferentemente de França,<br />

Alemanha e EUA, apresenta grandes desigualdades econômicas e educacionais, o<br />

significado de, voltar quarenta anos até os anos 1960 para interpretar, em perspectiva,<br />

certas possibilidades de representação estudantil, é realizar inevitavelmente uma análise<br />

crítica do papel do estudante como agente de mudança naquela configuração, muito<br />

mais do que uma análise de sua luta acadêmica por status. Pensemos em como os<br />

estudantes universitários daquele período tentaram equilibrar a balança entre liberdade e<br />

segurança nas relações de poder. No livro do jornalista Zuenir Ventura, 1968: O ano<br />

que não terminou (2008), se percebe o quanto os estudantes, quando imbuídos de uma<br />

proposta comunitária, podem “ser fortemente políticos” não só em meio à comunidade<br />

55

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!