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Tese 8 - Neip

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lidam com o conceito, e particularmente com a articulação entre educação acadêmica,<br />

redução de riscos e consumo de drogas. No caso de Krishnamurti que estava há mais de<br />

10 anos sem interesse em estudar, a vontade surgiu depois de ingressar na comunidade<br />

União do Vegetal, pois: “a religião que eu tou seguindo me deu vontade de aprender<br />

mais, estudar, eu tou estudando algo que tem a ver com meu trabalho”. Nesse caso, a<br />

religião o levou até a universidade e antes disso, o consumo destemperado de drogas o<br />

levou à religião:<br />

Krishnamurti - Eu tou lá há 4 anos. Quando eu conheci a ayahuasca era como se<br />

fosse uma droga, era uma droga. Eu queria beber desse chá pra ficar alucinado.<br />

T.V. - E o que aconteceu?<br />

Krishnamurti - Aconteceu que eu encontrei o que eu não tava procurando, uma<br />

religião que me levou a grandes transformações, me fez mudar totalmente o rumo de<br />

minha vida, eu tava à deriva. Lá eu comecei botar o pé no chão e larguei o vício de<br />

bebida, de maconha, de droga.<br />

T.V. - Como é que é buscar uma droga “pra ficar alucinado” e encontrar uma<br />

religião que utiliza uma “droga”?<br />

Krishnamurti - O que a gente chama de droga mesmo, de alucinógeno, que tira a<br />

gente do centro e fazer algo errado, não tem nada a ver com a ayahuasca, que é um<br />

“iluminógeno”, pra iluminar o nosso caminho, que transforma, que é o caminho do<br />

bem, que faz seguir a doutrina de Jesus Cristo.<br />

T.V. - Na universidade você levanta essas questões?<br />

Krishnamurti - Não, na universidade eu não conheço ninguém que usa e eu sou bem<br />

discreto. Eu não me sinto discriminado não, eu não tenho problema de fazer amizade,<br />

de tar com a turma, eu me vejo como uma pessoa bem social, mas em relação à religião<br />

eu sou bem discreto. A não ser que alguém pergunte sobre o assunto.<br />

Enquanto alguns adeptos da UDV buscam difundir a religião, Krishnamurti procura<br />

ocultá-la, talvez ainda por sequelas da estigmatização relacionada ao consumo de<br />

drogas, e acredita que assim está minimizando possíveis danos à sua imagem e à da<br />

comunidade. Essa sua postura discreta não é unanimidade entre os nativos da<br />

comunidade em questão, alguns inclusive acreditam que uma religião que incorpora o<br />

uso de substâncias psicoativas deve ter ampla visibilidade para gerar reflexividade, e o<br />

setting universitário é um meio com respeitabilidade para por esse processo em curso:<br />

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