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Tese 8 - Neip

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especificamente ao consumo de drogas, foi observado que se as atitudes dos estudantes<br />

em relação a esse consumo, num primeiro momento parecem pontuais 52 , sem um pano<br />

de fundo notoriamente “democrático”, talvez devam ser consideradas como atitudes<br />

atomizadas que estão ganhando corporificação, principalmente pelo nível de<br />

organização que pode ser percebido atualmente – já não se trata simplesmente de<br />

palavras de ordem berradas, entre pedradas e correrias, há blogs, twitters, grupos de<br />

estudo, seminários e conferências acontecendo de norte a sul do país. Graças às<br />

conquistas culturais em curso no presente período histórico incontestavelmente mais<br />

democrático do que nos anos 1960, os universitários já não lutam mais com paus e<br />

pedras, mas sim com bytes e chips.<br />

Nos dias informatizados de hoje quando muitos educadores parecem reconhecer que<br />

o objetivo central da Universidade já não se reduz a favorecer a mera assimilação de<br />

conteúdos programáticos por parte dos estudantes, mas sim possibilitar a plena<br />

formação destes enquanto seres sociais e culturais, é pertinente trazer o filósofo Jacques<br />

Derrida à cena, um autor enquadrado como pós-estruturalista – o que para uns é status<br />

para outros é estigma - com uma perspectiva teórica diferenciada dos autores até agora<br />

enfocados 53 . No começo do século XXI, Derrida pôs em perspectiva um projeto para a<br />

Universidade (Universidade sem condição, 2003) que vai além dos projetos dos e para<br />

os universitários, mas de forma nenhuma na contramão destes. Sua proposta coloca a<br />

Universidade como referência incondicional para a democratização da sociedade, e o<br />

universitário, principalmente o locado em Humanidades, como sendo o ponto de partida<br />

desse projeto, não o ponto de chegada:<br />

“A Universidade deveria ser o lugar em que nada está livre do<br />

questionamento, nem mesmo a figura atual e determinada da democracia;<br />

[...] Eis, portanto, o que poderíamos, valendo-nos dela, chamar de<br />

Universidade sem condição: o direito de princípio de dizer tudo, ainda que a<br />

título de ficção e de experimentação do saber, e o direito de dizê-lo<br />

publicamente, de publicá-lo”. (DERRIDA:2003,18).<br />

“eu não afirmaria que essa força de resistência, essa liberdade assumida de<br />

dizer tudo no espaço público, tenha seu lugar único ou privilegiado no que<br />

se chamam Humanidades... Mas esse princípio de incondicionalidade se<br />

apresenta, originalmente e por excelência, nas Humanidades”.<br />

(DERRIDA:2003,23).<br />

52 - como aconteceu em 2008 com a proibição da Marcha da Maconha. Não se podia imaginar que no ano<br />

seguinte a questão tomasse às proporções que tomou.<br />

53<br />

- Derrida teve a oportunidade de assimilar as reflexões decorrentes das pesquisas sobre universitários<br />

realizadas por Bourdieu, Habermas & cia, pesquisadores que o antecederam no estudo em questão, em<br />

pelo menos trinta anos.<br />

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