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Tese 8 - Neip

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que também são consumidores de drogas, por estarem imersos nas camadas mais pobres<br />

da população articulam um discurso bem diferente do proferido por Salomé. Um<br />

estudante de Ciências Sociais em duas oportunidades – em uma aula e em uma palestra<br />

que ministrei sobre consumo de drogas com intervalo de um ano entre elas – me fez a<br />

mesma pergunta: “a questão das drogas não devia ser debatida pelas entidades negras, já<br />

que os negros são os mais discriminados?”. Em ambas as circunstâncias eu forneci a<br />

mesma resposta: “olhe ao redor quando for fumar lá no “mirante”, ou mesmo olhe ao<br />

redor aqui nesta sala e veja quantos negros estão presentes, e me diga se seria justo que<br />

esta maioria de não negros fosse segregada da discussão”. Embora o estudante estivesse<br />

certo quanto a serem os negros os mais discriminados, ele não configurou a situação de<br />

forma precisa, pois o debate que estávamos propondo não se dirigia a sociedade como<br />

um todo e sim ao espaço universitário e nesse espaço havia uma maioria de estudantes<br />

não negra. Como excluir os não negros do debate? No próprio universo da pesquisa não<br />

deixa de ser sintomático que haja poucos negros, mesmo que na última década tenha<br />

havido um acréscimo de negros nas salas de aula do país em função dos projetos de<br />

ação afirmativa. Na prática, circunscrever o debate sobre o consumo de drogas em<br />

torno de um segmento étnico seria como estabelecer a representação de que droga é<br />

coisa de grupos étnicos segregados, reforçando mais ainda os preconceitos que supõe<br />

combater.<br />

3.3.8 - Sexo + Drogas ainda combina com rock and roll?<br />

Se na cultura de consumo a busca por liberdade com segurança é uma disposição que<br />

se configura presente enquanto habitus social, esta busca não se aplica só ao consumo<br />

de drogas, mas também à sexualidade, entre outras possibilidades. A própria interface<br />

cercada de riscos entre consumo de drogas e a sexualidade que trouxe as estratégias de<br />

redução de riscos e danos para a pauta da política de vida cotidiana, já é um campo<br />

explorado pelo mercado:<br />

Pancho Villa - Eu considero maconha e sexualidade bem próximas, e não sou só eu,<br />

a própria indústria legalizada do cânhamo como na Espanha, nas revistas<br />

especializadas é maconha e mulher; feira de maconha, é maconha e mulher. Tem uma<br />

exploração do lado sensual. É uma cultura que eu não diria machista, mas voltada<br />

para a maioria dos usuários que é homem. Há mais usuários homens em países onde a<br />

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