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Tese 8 - Neip

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Da Vinci - Porque você conseguiria dar uma finalidade pra esse dinheiro (gasto<br />

para manter o proibicionismo), ser investido no social. Esse poderia ser um dos passos,<br />

investir em segurança pública...<br />

Lampião - Não acho que o Estado tem que agir de maneira punitiva, tem que agir de<br />

maneira preventiva e educativa. Não só pela mudança da lei, mas pela derrubada de<br />

mitos sobre psicoativos pra sociedade como um todo. Resolveria o controle sobre a<br />

mercadoria, passaria a não ser mais mercadoria contrabandeada nem ilegal, levando<br />

às esferas legais o conseguir e o consumir, livrando da marginalização que envolve o<br />

uso e até quem não consome, mas tá vendendo. Polícia sobe o morro atrás de<br />

traficante, mas quem tá por trás deles são políticos.<br />

Oscar Wilde - Eu acredito na regulamentação do consumo, porque a legalização<br />

implica numa produção em grande escala, em tributação, o que eu acho bastante<br />

importante, porque você abre a possibilidade de um controle de qualidade e tira uma<br />

série de pessoas da ilegalidade. Mas esse é um passo que eu não sei se haveria<br />

estruturas pra regimentar, até existem estruturas pra combater isso. O primeiro passo é<br />

a descriminalização que já é um passo iniciado, o segundo passo é a regulamentação<br />

do autoconsumo. Porque a cocaína já foi vendida em farmácias, a heroína também. No<br />

caso da cannabis a regulamentação do autocultivo já seria um passo enorme,<br />

reduzindo a articulação do tráfico, que se arma porque a polícia vai lá com armas pra<br />

matar a eles, então ele tem que se armar, a lógica é essa, então você começa a<br />

desarticular isso. A gente sabe do lobby das indústrias farmacêuticas que não têm<br />

interesse em descriminalizar.<br />

Lampião fala em “derrubada de mitos sobre psicoativos” como algo tão ou mais<br />

importante do que mudança de leis, pois enquanto representações os mitos podem ser<br />

dispositivos de controle mais fortes e rígidos do que as próprias leis. Além disso, ele<br />

sinaliza que o traficante do morro não é o ponto inicial da cadeia criminosa, é apenas<br />

um elo. Já a reflexão de Oscar põe em perspectiva uma articulação mercadológica<br />

complexa na qual o tráfico e a indústria farmacêutica não são fenômenos desconectados.<br />

Ambos os interlocutores insistem na reflexão de que o risco maior é não reconhecer que<br />

a ilegalidade gera mais dificuldades para que os controles formais sejam<br />

suficientemente eficazes.<br />

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