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Tese 8 - Neip

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(Valença:2005,79). Já em meio aos estudantes, ter a sua própria droga é o ideal de<br />

consumo, e quanto mais possuírem, mais se sentem seguros, pois assim precisam ter<br />

menos contato com as rotas do tráfico. Os poucos estudantes pesquisados que não<br />

compram suas substâncias estão sofrendo limitações financeiras, limitações que estão<br />

acima de qualquer outra manobra para efetivar controles informais de segurança.<br />

No cômputo geral é possível perceber que, nas configurações entre drogas e a<br />

imagem dos docentes, não são perceptíveis representações levando em conta direta e<br />

exclusivamente o consumo enquanto ostentação do status quo. Pã, o docente com maior<br />

poder aquisitivo e oriundo de família mais tradicionalmente estabelecida, não é<br />

consumidor de cocaína, uma droga cara e que no senso comum está associada às classes<br />

mais favorecidas. Pelo contrário, o consumo de cocaína acontece entre professores<br />

oriundos da classe média não parecendo indicar uma tentativa de distinção – uma única<br />

exceção talvez possa ser feita no caso de Príapo, o único dos interlocutores que cultiva a<br />

imagem de transgressor, saindo para baladas agitadas com alguns alunos e garotas de<br />

programa. Também perceptível é que nesta amostra o consumo de cocaína foi mais<br />

presente entre os professores gays – em 80% dos casos - o que hipoteticamente pode ter<br />

conexão com o fato destes interlocutores frequentarem mais a vida noturna, bares e<br />

danceterias, como diz Eros: “Eu geralmente uso em bares, na vida noturna que vai até<br />

de manhã, e você não vai até de manhã sem um estimulante”, (Valença:2005,151).<br />

A predominância de orientação sexual foi distribuída em 214 : treze heterossexuais,<br />

cinco homossexuais, um bissexual e um não precisamente definido. Entre os estudantes<br />

dezenove eram heterossexuais dois eram homossexuais, e um bissexual. Etnicamente<br />

houve registro de três professores negros, dezesseis brancos e um mestiço. Em meio ao<br />

corpo discente foram registrados dezenove brancos, uma negra e dois mestiços. Os<br />

interlocutores que são gays e/ou negros por fazerem parte de minorias mais<br />

estigmatizáveis, buscam um maior controle sobre os riscos da exposição da imagem –<br />

como indica Salomé - o que não quer dizer que não se exponham.<br />

Se as configurações encontradas entre os professores têm no consumo de drogas a<br />

ponta do iceberg de seu estilo de vida, estes professores trazem como reflexão que a<br />

sociabilidade em torno desse consumo é mais importante do que os efeitos<br />

farmacológicos das drogas em si. Enquanto a maioria dos estudantes que consomem<br />

drogas sobrevaloriza as suas buscas por transcendência (54%), os professores colocam a<br />

214 - um quadro com o perfil dos interlocutores está disponível na página 300.<br />

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