06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Esta interpretação está muito próxima da que foi operada anteriormente por Bourdieu<br />

e Passeron, e, nessa perspectiva, é possível localizar no texto a referência a um setting<br />

universitário, um ethos favorável a uma específica universalização da representação<br />

peculiar apontada. Por outro lado, essa universalização não implica necessariamente<br />

numa uniformidade de disposições: “Subjetivamente muitos estudantes não se sentem<br />

distanciados. Mas objetivamente o estão”, (Habermas, Friedeburg, Oehler & Weitz:<br />

1968,130). E esse distanciamento talvez até seja legitimável se ele se dá em função de<br />

modelos de responsabilidade então dominantes que se mostram defasados diante das<br />

expectativas das comunidades de jovens, principalmente estudantes. Esse<br />

distanciamento traz à tona a impossibilidade de uma agenda universitária legitimamente<br />

autônoma, mas talvez deva se levar em conta que essa impossibilidade é que dá sentido<br />

a busca por uma agenda. Então, poder alienar-se do tempo dominante no qual domingo<br />

é dia de cinema e segunda-feira é dia de trabalho, e não o contrário, fará parte da nova e<br />

diversificada “programação curricular”.<br />

“Pode-se , de fato, verificar que os jovens (mas não só eles) julgam os fatos<br />

políticos a partir do âmbito de sua experiência pessoal e casual, e não<br />

baseados em argumentos e contra-argumentos objetivos. Inclusive nesse<br />

ponto, os estudantes ocupam posição especial. Eles entendem o aspecto<br />

‘abstrato’ da democracia, o que geralmente não ocorre com outras pessoas”<br />

(HABERMAS, FRIEDEBURG, OEHLER & WEITZ:1968, 120).<br />

O que os pesquisadores alemães pontuam é que ser universitário é representado em<br />

certa medida, como a superação de ser jovem. Estando estes jovens ingressos no campo<br />

universitário, potencializam-se para perceber que as dimensões práticas da democracia<br />

são muito menos democráticas do que sugere a teoria. Em outras palavras, parece restar<br />

como opção que a representação dos universitários em construção indique um específico<br />

capital cultural que lhes credencie muito mais status em seu próprio círculo do que<br />

realmente indique que estejam operando mudanças efetivas nas relações de poder entre<br />

eles e o restante da sociedade. A aceitação dos limites desse status é onde se configura<br />

ou não a condição universitária, pois o habitus político é deslocado para uma dimensão<br />

mais psicologizada:<br />

“A colocação adequada do problema da participação política consiste em<br />

retroceder do plano das manifestações isoladas de comportamento (nas quais a<br />

participação é objetivada) para o da atitude, na qual se expressa uma<br />

participação política, que não se traduz mais em ações. A essa atitude damos a<br />

52

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!