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Tese 8 - Neip

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(Zaluar:1994,106). O hedonismo em questão, foi especificamente assimilado por jovens<br />

desencantados com o estilo de vida estabelecido como modelo para a juventude.<br />

Em meio a conteúdos hedonistas ou não, no entendimento de Bourdieu (1983: 112),<br />

reduzir as relações de poder em torno do campo da juventude a uma condição, a uma<br />

preparação para o mundo do trabalho, perpetuando hierarquias em que “cada um deve<br />

se manter em seu lugar”, é improdutivo. Para ele, essa caracterização reduz a juventude<br />

à condição de ser “apenas uma palavra” 56 , e essa minimização representacional da<br />

cultura juvenil abriria espaço para que aqueles que a esta não se adaptassem estivessem<br />

em desvios de comportamentos, de atitudes, de estilos, e de uma forma ou de outra,<br />

serem contrapostos as padronizações estabelecidas e esperadas.<br />

Nos anos 1960 a categoria juventude que não é tão nova 57 inovou as possibilidades<br />

para se vivenciar a categoria. O modelo de representação estabelecido por essa<br />

juventude retratou uma configuração onde foi possível a inversão dos valores da cultura<br />

de produção. Nessa reconfiguração, a socialização passou a ser mediada não apenas por<br />

intermédio dos núcleos tradicionais, como a família e a escola; mas, com importância<br />

gradualmente mais institucionalizada e perceptível, através da cultura e do lazer,<br />

settings onde: “A Vivência da experiência juvenil passa a adquirir sentido em si mesma<br />

e não mais somente como preparação para a vida adulta”. (Abramo:2008, 43). Nesse<br />

recorte histórico quando a cultura adquiriu a dimensão de lazer é preciso abrir um<br />

pequeno parêntese para situar as gangues brasileiras da virada dos anos 1950/60,<br />

gangues oriundas da classe média e da elite:<br />

“trata-se de início, de jovens da classe média e de elite, que podem contar<br />

com recursos financeiros para consumir, ter o lazer e a diversão como eixos<br />

de vida [...] Uma parte desses jovens, sobretudo quando estava em grupo,<br />

ostentava um comportamento agressivo, e até violento; então vários deles<br />

passaram a ser considerados, pelas autoridades e pela imprensa do período<br />

como donos de um comportamento e de uma atitude de gangue” (COSTA:<br />

2006, 17).<br />

Fora essa exceção, que mostra a influência reflexiva de filmes estrelados por jovens<br />

outsiders como Marlon Brando (O Selvagem, 1953), James Dean (Juventude<br />

56 - e se para muitos educadores essa contradefinição bourdiesiana se tornou um lugar comum já<br />

esvaziado de sentido, alguns outros sustentam suas argumentações tendo como premissa exatamente a<br />

referência de que a juventude não é apenas uma palavra.<br />

57 - os habitus sociais dominantes nessa representação foram originariamente forjados em torno da<br />

juventude eminentemente burguesa do fim do século XIX, e nesse recorte foi inventada a tradição do que<br />

é ser jovem.<br />

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