06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“Site e programa são uma glamourização disfarçada, fingindo-se de<br />

linguagem científica, do consumo de ecstasy. Nada mais é do que uma<br />

variante da cultura da droga, agora financiada com dinheiro público. Na<br />

home, vem uma advertência patética: ‘Um princípio básico do projeto<br />

Baladaboa é a transmissão de informações comprovadas baseadas na<br />

ciência e não em ideologias morais ou políticas.’ Só esse trecho deveria<br />

levar a Fapesp a suspender seu vergonhoso patrocínio.”. (Veja.com –<br />

17/06/07).<br />

Em junho de 2007, ao tomar conhecimento dessa representação social diretamente<br />

associada a seu nome, a FAPESP voltou atrás e cancelou a verba disponibilizada para o<br />

projeto. Ao fim e ao cabo de episódios como este, seria por demais simplista acreditar<br />

que um tema polêmico como redução de riscos 87 para o consumo de drogas – ao invés<br />

da erradicação da sua cultura 88 - seria facilmente assimilado, mesmo entre pessoas de<br />

ciência.<br />

Se algumas comunidades midiáticas podem lançar “olhares” pouco reflexivos – ou<br />

movidos por um modelo de reflexividade pautada em valores comprometidos com o<br />

status quo - sobre pesquisas acadêmicas que visam a redução de riscos, elas também<br />

podem lançar este mesmo modo de olhar sobre pesquisas acadêmicas que sustentem<br />

olhares nitidamente proibicionistas sobre os universitários e o consumo de drogas:<br />

RJTV, TV Globo – 28.07.2005<br />

Drogas nas universidades<br />

Foram quase dez anos usando maconha e cocaína. O que começou como<br />

curiosidade, acabou em vício. Hoje, aos 28 anos, a mulher, que preferiu não<br />

se identificar, lembra bem onde aconteceu o primeiro contato com as<br />

drogas: "Na faculdade, as coisas são muito fáceis. Para você fazer parte da<br />

turma, da patota, das festas, das chopadas, tudo é apresentado. Eu usei<br />

maconha e cocaína. Cheguei a ver uma professora minha fumando<br />

maconha, durante o dia, em um corredor da universidade."<br />

A Universidade Federal Fluminense (UFF) fez uma pesquisa em quatro<br />

instituições de ensino do Rio de Janeiro: duas públicas e duas privadas. O<br />

estudo abordou seis tipos de drogas: tabaco, álcool, maconha, cocaína,<br />

heroína e psicotrópicos, remédios que causam perturbações psíquicas. Dos<br />

3,6 mil alunos e professores entrevistadas 89 , 26% afirmaram que usam<br />

87 - algumas estratégias de redução de riscos são chamadas pelos seus praticantes de “redução de danos” e<br />

essa linguagem nativa será respeitada. A nota seguinte segue esta terminologia nativa. Mais adiante esta<br />

questão será abordada.<br />

88 - aliás, a polarização guerra às drogas X redução de danos leva a um debate cujas dimensões últimas<br />

estão no conflito configurado entre o modelo de políticas públicas de origem norte-americana no qual o<br />

foco é o controle do mercado, ou o modelo europeu cujo foco central visa o bem-estar do usuário. Em<br />

meio a este cenário, no dia 10/10/08, o Ministério da Saúde divulgou edital para financiar projetos<br />

relacionados à redução de danos. O orçamento de R$1,4 milhão é destinado a Secretarias Estaduais e<br />

Municipais de Saúde, universidades públicas, organizações da sociedade civil e não-governamentais sem<br />

fins lucrativos que desenvolvam projetos com essa perspectiva.<br />

89<br />

- na notícia seguinte veiculada por outro jornal sobre a mesma pesquisa, os números divergem; o<br />

Estado de São Paulo afirma que o universo pesquisado foi de 2.631 informantes.<br />

83

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!