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Tese 8 - Neip

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Se não se mostra tão preocupado com sua representação quanto Garrincha 129 ,<br />

Marley se mostra muito interessado em construir uma carreira profissional - esse<br />

interlocutor já indicou anteriormente que reduz o consumo em período de maior<br />

necessidade de produção. Se reduzir não é parar, é buscar algum controle, Marley vai<br />

oferecendo indícios de que a inserção na comunidade universitária é a sua opção de<br />

reduções de riscos sociais, a sua alternativa para configurar um reencantamento 130 com<br />

o cotidiano, num processo facilitado pela posse da carteira de estudante. Esta<br />

ressignificação da cultura universitária por parte de alguns universitários usuários nada<br />

mais é do que uma revisão reflexiva do que pode ser a educação, pois, muito mais do<br />

que formar profissionais competentes, o setting do ensino superior tem potencial para<br />

formar cidadãos que busquem equilibrar razão – segurança - e emoção - liberdade.<br />

Este reencantamento pode ser configurado através de uma cultura universitária que leve<br />

em conta as questões de ordem afetiva/emocional dos estudantes. O caso de Marley é<br />

um bom exemplo desta situação, pois o que ele busca é o equilíbrio entre seus controles<br />

emocionais e sua capacidade de administrar conhecimentos.<br />

Como pano de fundo para essa possível ressignificação da comunidade universitária<br />

que enfatize além da produção de conhecimento, a adequabilidade emocional dos<br />

alunos, se encontra um certo hedonismo contemporaneamente configurado. O que essa<br />

reflexão sugere? Sugere que esta comunidade ao trazer como um dos seus dispositivos<br />

centrais, uma película de redução de riscos, não esteja necessariamente buscando, entre<br />

os efeitos desejados, a anulação da liberdade e do prazer. Uma contradição? Não<br />

exatamente, apenas mais uma aporia, entre as muitas que caracterizam a cultura de<br />

consumo, cultura onde transitar entre a liberdade e a segurança passa a ser mais uma<br />

opção. A obrigatoriedade de optar entre liberdade ou segurança, se ainda é dominante,<br />

não é mais hegemônica.<br />

A hedonização da cultura contemporânea já não proporciona tanto estranhamento e<br />

cada vez mais se aproxima de ser configurada como parte da regra estabilizada, se<br />

afastando de ser a marginalizada exceção à regra. Vale ressaltar que esse hedonismo<br />

referido não é intemperado, sem controles: “O fim do ‘goze sem entraves’ não significa<br />

a reabilitação do puritanismo, mas, sim, a ampliação social de um modelo de hedonismo<br />

normalizado e administrativo, higienizado e racional. Ao hedonismo desregrado seguiu-<br />

129 - inclusive, Marley se disponibilizou para contar publicamente sua trajetória, caso isso ajudasse outras<br />

pessoas a não viverem as agruras que ele viveu.<br />

130 - e reencantamento na perspectiva de Mafessoli (1995) reside na busca pelo prazer, pela alegria de<br />

viver em tribos não limitadas pelos excessos de racionalidades.<br />

130

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