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Tese 8 - Neip

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Ainda no final dessa década, estudantes de Ciências Sociais da UFRJ editaram o jornal<br />

de teor antiproibicionista, O Patuá. Também foi emblemático o Primeiro Manifesto<br />

Brasileiro pela Legalização da Cannabis que ocorreu na Faculdade de Filosofia da PUC<br />

de São Paulo no começo da década de 80, assim como o Primeiro Simpósio Carioca de<br />

Estudos sobre a Maconha, o “Maconha em Debate”, que teve curso no Instituto de<br />

Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (Gabeira:2000,42/43). Estes debates foram<br />

direcionados para refletir publicamente sobre as implicações da política proibicionista.<br />

Seguindo tal linha reflexiva, a escritura dos coletivos antiproibicionistas - que não é<br />

representada necessariamente pelos seus escritos, mas pelos seus atos - também<br />

configura o efeito de um phármakon usado como antídoto para combater os efeitos<br />

deletérios da escritura proibicionista. Quanto a isto, os professores, que se mostraram<br />

mais dispostos a se comprometer com a corrente pesquisa do que os estudantes,<br />

sustentam representações a respeito do que seja política bem mais tradicionais que os<br />

discentes, que por sua vez configuram política em sintonia com o que Giddens chamaria<br />

de política de vida.<br />

Se por um lado alguns professores estão mais envolvidos em projetos de pesquisa e<br />

intervenção já na sua base ligados as Instituições como o próprio CETAD, a REDUC<br />

(Rede Brasileira de Redução de Danos), e a ABORDA (Associação Brasileira de<br />

Redutoras e Redutores de Danos), do Nós-grupal da comunidade estudantil surgiram<br />

iniciativas que acabaram ganhando o apoio posterior das Instituições. É o caso de<br />

projetos como o Coletivo ANANDA e o Coletivo Balance de Redução de Danos,<br />

autênticos antídotos antiproibicionistas. É importante salientar que 50% dos<br />

interlocutores presentes estão incorporando estratégias de redução de riscos e danos ao<br />

seu estilo de vida cotidiano. Entre os acadêmicos da Grécia Antiga, o que determinava<br />

se o consumo era representado como consumo de remédio ou de veneno era a<br />

capacidade de cada um dos consumidores para exercitar o controle – controle que na<br />

época era chamado temperança - sobre o próprio consumo. Hoje, o que poderia oferecer<br />

a medida desse consumo ser representado como controlado ou compulsivo é a<br />

capacidade por parte do consumidor para a incorporação do habitus social da redução<br />

de riscos e danos enquanto estratégia civilizatória.<br />

O modelo proibicionista que encontrou apoio nos puritanos desde o século XIX vem<br />

desde então interpretando a temperança como abstinência. Os presentes interlocutores<br />

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