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Tese 8 - Neip

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você é gay!”, desferindo alguns socos “suaves” no peito do seu parceiro. Nisso, o<br />

esposo oficial do professor – seu orientando -, partiu na direção da professora<br />

resmungando quase discretamente para mim: “vou furar os olhos dela!”. Felizmente ele<br />

se contentou em arrastar pela mão seu companheiro para um canto da pista de dança,<br />

onde por alguns instantes trocaram palavras mais ríspidas. O comentário entre alguns<br />

que conheciam o casal, tido como extremamente fiel, e, especificamente, sobre o<br />

sedutor em questão, este tido como um homossexual convicto, foi : “o que o álcool não<br />

faz!” A mística do álcool prevaleceu na representação sustentada pela maioria dos<br />

presentes, inclusive de alguns estudantes, mas será esta a única interpretação que pode<br />

ganhar status de representação em torno da situação específica? Ainda no calor da festa,<br />

perguntado sobre o episódio, o professor respondeu sorrindo enquanto dirigia-se para o<br />

carro: “é que eu sou flexível!”....<br />

Se alguns presentes creditaram o comportamento inesperado do professor ao<br />

consumo de uísque – para alguns, foi difícil aceitar que um homossexual pudesse ter um<br />

flerte com uma heterossexual, mas se o flerte fosse deflagrado pelo consumo de álcool,<br />

o estranhamento estaria reduzido -, o próprio professor, creditou seu comportamento à<br />

sua própria flexibilidade 143 em relação a suas escolhas e não ao seu consumo 144 de<br />

álcool. Numa análise configuracional do ocorrido, o consumo de álcool e a flexibilidade<br />

do professor – flexibilidade que pode ser traduzida aqui como suas expectativas e<br />

predisposições naquela específica configuração de setting -, não surtiram efeitos em<br />

separado, pelo contrário. Mas a representação que ficou registrada pela maioria dos<br />

olhos presentes como comentário jocoso noite adentro foi que a bebida faz até “veado<br />

virar macho!”.<br />

Como a festa ainda estava no começo, posteriormente foi proveitoso perceber o<br />

movimento para o consumo de cocaína e maconha. Se havia muitos convidados não<br />

usuários - notoriamente estes eram os membros das famílias dos noivos que no geral só<br />

consumiam álcool – em nenhum momento percebi um movimento de consumo que<br />

transgredisse as normas da convivência pacífica entre as tribos de usuários e de não<br />

usuários. Entre os que consumiram cocaína, houve uma ou duas tentativas discretas de<br />

143 - soa relevante sua feliz escolha de palavras a respeito do ser “flexível”, o que demonstra no mínimo<br />

seu senso de humor, pois na época do ocorrido, estava sendo uma piada dizer que uma pessoa com<br />

comportamento bissexual, é alguém com motor “flex”.<br />

144 - e se muitos dos presentes soubessem que naquele evento o professor também fumou maconha, talvez<br />

especulassem, como no caso do estudante bêbado no anexo, se o que o levou a “perder os freios” foi a<br />

combinação de maconha com álcool, e mesmo a ordem em que foi efetuado o consumo.<br />

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