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Tese 8 - Neip

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designação de hábito político. O hábito expressa não tanto as ações como os<br />

impulsos, não tanto as imagens como os traços característicos de uma<br />

mentalidade” (HABERMAS, FRIEDEBURG, OEHLER & WEITZ:1968,<br />

127).<br />

Os autores alemães chamam a atenção para a participação política como um habitus.<br />

Mas este é um habitus ressignificado em relação ao que até então se pensava como<br />

participação política. O que na interpretação de alguns observadores ortodoxos pode ser<br />

considerado como distanciamento não político por parte dos estudantes, como alienação<br />

ideológica, para os próprios estudantes em foco, significou uma atitude política<br />

heterodoxa. A busca por uma cultura universitária enquanto ethos propício a atitudes é<br />

uma perspectiva política com uma linha de participação extremante diferenciada das até<br />

então dominantes. Essas interpretações de Habermas & cia não têm vigência só na<br />

Europa, pois outras pesquisas realizadas no mesmo recorte temporal do lado de cá do<br />

Atlântico, indicam que a cultura universitária como campo para o estabelecimento da<br />

cultura política estudantil também foi uma atitude presente. Em relação às<br />

manifestações contestatórias de alguns universitários norte-americanos, as reflexões dos<br />

pesquisadores Goodman & Glaser (uma controvérsia sobre a revolta dos estudantes de<br />

Bekerley, 1968) seguem uma linha argumentativa que denuncia os limites da<br />

perspectiva política da condição universitária que então se configurava:<br />

“os estudantes chamaram a atenção para o fato de que a Universidade da<br />

Califórnia tornou-se uma ‘fábrica’, desrespeitando o corpo docente e os<br />

alunos, uma fábrica em que se processam licenças profissionais e<br />

treinamento dirigido a corporações tecnológicas, e um local para se realizar<br />

pesquisas contratadas por entidades externas”, (GOODMAN &<br />

GLAZER:1968, 126).<br />

Nesse caso, as manifestações estudantis são interpretadas como motivadas pela<br />

instabilidade proporcionada em seu lócus por forças exteriores ao campo acadêmico –<br />

por forças que na época, ainda não eram chamadas de “Mercado”. A redução de uma<br />

Universidade renomada como Bekerley à categoria de “fábrica”, feriu não só o respeito<br />

pela autonomia da Instituição Universitária, mas também a respeitabilidade da<br />

identidade dos estudantes. Então, o que pôde ser percebido concretamente pelos<br />

pesquisadores não foi apenas o movimento dos estudantes, foi o movimento dos<br />

estudantes interagindo com a sociedade. Nesse ponto, a luta por probidade acadêmica<br />

não foi travada exclusivamente no nível simbólico:<br />

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