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Tese 8 - Neip

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Como é possível perceber nesse fragmento discursivo de Derrida publicado nos<br />

primórdios dos anos 2000, há pontos em comum com os registros efetuados pelas<br />

pesquisas referenciadas nos anos 1960. A começar pela interpretação da Universidade<br />

que não é mais referenciada como objetivo final, mas como um ponto de partida na luta<br />

por direitos. E mais uma vez, as Humanidades têm um lugar de destaque no processo de<br />

ressignificação de objetivos estudantis, na desconstrução de significações que até pouco<br />

pareciam perenemente estabelecidas:<br />

“...(o) princípio de incondicionalidade se apresenta, originalmente e por<br />

excelência nas Humanidades. Ele tem um lugar de apresentação, de<br />

manifestação [...] quando se trata de nada menos que repensar o conceito de<br />

homem, a figura da humanidade em geral, e singularmente aquela que<br />

pressupõem as assim chamadas, na Universidade, há séculos,<br />

Humanidades 54 . Pelo menos desse ponto de vista, a desconstrução tem seu<br />

lugar privilegiado na Universidade e nas Humanidades como lugar de<br />

resistência irredentista, até mesmo, analogicamente como uma espécie de<br />

princípio de desobediência civil, ou ainda, de dissidência em nome de uma<br />

lei superior e de uma justiça do pensamento.<br />

Chamemos aqui pensamento o que às vezes comanda, de acordo com uma<br />

lei acima das leis, a justiça dessa resistência ou dessa dissidência. É também<br />

o que se faz operar ou inspira a desconstrução como justiça”<br />

(DERRIDA:2003, 23/24).<br />

Vale ressaltar que para Derrida, a justiça é um valor muito mais pertinente com a<br />

contemporaneidade do que a verdade 55 , mesmo que justiça em relação à “uma lei acima<br />

das leis” possa até soar como uma verdade, mas verdade com letra minúscula, pois esta<br />

verdade não é A Verdade transcendente que conferiria identidade aos universitários com<br />

a simples entrada numa Universidade. Pelo contrário, essa “verdade” só será conquistada<br />

quando o estudante deixar a Universidade e consagrar-se como trabalhador. Nesse<br />

sentido essa não é uma verdade absoluta, muito mais próxima está da justiça em relação<br />

à sociedade como um todo, onde às pessoas que não cursaram uma universidade esperam<br />

dos que cursaram, respostas para os problemas sociais em curso. Eis a justa<br />

desconstrução da Verdade sobre a condição da Universidade.<br />

54 - e esse lugar da incondicionalidade não é apenas de apresentação, mas também de representação,<br />

como indica Foucault, um contemporâneo de Derrida: “a representação não é simplesmente um objeto<br />

para as ciências humanas; ela é [...] o próprio campo das ciências humanas, e em toda a sua extensão; é o<br />

suporte geral dessa forma de saber, aquilo a partir do qual ele é possível.” (FOUCAULT:2000, 503). Esta<br />

é a representação da cultura universitária na qual esta pesquisa ganha sentido.<br />

55 - pois de acordo com este: “Se pararmos de pensar na verdade como o nome da coisa que dá significado<br />

à vida humana, e pararmos de concordar com Platão em que a busca da verdade é a atividade humana<br />

central, então poderemos substituir a busca da verdade pela esperança messiânica de justiça” (SOUZA,<br />

2005).<br />

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