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Tese 8 - Neip

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vítimas de erros médicos ou de suicídios acidentais, foram pessoas que tentaram aliviar<br />

as tensões e pagaram com a própria vida o consumo dos seus phármakons escolhidos.<br />

Muito além da tendência de propagação da representação da maconha medicinal, os<br />

phármakons estão muito bem configurados na cultura de consumo...<br />

Se, no começo desse projeto, foi proposto como objetivo apreender como o<br />

universitário consumidor de drogas interage com as representações sociais dominantes e<br />

os controles sociais civilizatórios, e se esse consumidor sinaliza outro(s) modo(s) de<br />

representação e de controles sociais que contemple(m) o consumo de drogas, a<br />

constatação final é de que o crescente nível de reflexividade, configurado em torno de<br />

informações consumidas incessantemente, afeta as comunidades de universitários aqui<br />

enfocados de modo que novos habitus sociais são incorporados em seus estilos de vida.<br />

Estes interlocutores convivem num setting cultural onde gradativamente há mais<br />

controles formais e informais para o consumo de álcool e tabaco; mais tolerância para o<br />

consumo controlado de maconha, principalmente o medicinal; menos tolerância e mais<br />

representações estigmatizantes quanto aos riscos e danos associados ao consumo de<br />

cocaína e crack, além da normatização do consumo prescrito de fármacos com efeitos<br />

psicoativos e da distinção da ayahuasca pela sua crescente representabilidade não<br />

exatamente como ingrediente religioso, mas como um phármakon terapêutico. Não<br />

apenas convivem pois, como demonstra a reflexividade em seus estilos de vida aqui<br />

levantados, estes interlocutores são partes ativas desse processo de mudança de valores<br />

e representações, às vezes apoiando, às vezes combatendo. Dentro dos seus settings<br />

acadêmicos, seus sets pessoais também permitem ressignificar modelos de relação,<br />

buscando estreitar laços de confiança e interpretando a sua comunidade universitária<br />

como uma família eletiva, escolhida em adequação com sua “liberdade de opção”.<br />

Em suas políticas de vida que, em comparação com os movimentos culturais dos anos<br />

1960 envolvendo estudantes e drogas, configuram um cenário mais democrático 224<br />

onde novas representações ou ressignificações são estabelecidas, como no caso das<br />

milenares estratégias gregas para controlar o uso dos prazeres atualmente interpretadas<br />

como estratégias de redução de danos. Estes sujeitos estão formando novas<br />

representações quanto ao que pode ser relacionalmente interpretado como estabelecido<br />

ou outsider, incluído ou desviante, saudável ou patológico, jovem ou adulto, professor e<br />

224 - embora o pessoal da UFMG e do Coletivo Marcha da Maconha possam discordar.<br />

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