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Tese 8 - Neip

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para uma sociedade ideal, na prática, esses jovens se mostram muito preocupados com<br />

questões imanentes, os riscos ligados a questões de segurança. Contudo, as respostas<br />

ainda deixam no ar uma dúvida significativa: a preocupação com os riscos pelo uso de<br />

drogas se dá em relação aos efeitos psicoativos das drogas ou pela violência do tráfico?<br />

Para superar os riscos por trás desta dúvida, a confiança é um recurso recorrente,<br />

mesmo que em níveis de aproximação diferenciados: como um tópico que deve ser<br />

discutido com os pais, a questão das drogas foi eleita em 2°, com 52%, atrás de<br />

educação com 61% de indicações, em respostas múltiplas. Já como tópico para discutir<br />

entre os amigos, o consumo de drogas está em 1° lugar com 46%, depois sexualidade<br />

45% e esportes, 43%. Pra discutir com a sociedade como um todo a educação foi um<br />

tema eleito com 50%, desigualdade social e pobreza 45%, e drogas 42%. Estes números<br />

talvez indiquem que entre estes jovens investigados conversas sérias sobre drogas é algo<br />

de fórum íntimo que requer além da confiança, uma dose de identificação, pois acaba<br />

sendo uma temática que eles reservam para desenvolver com amigos que vivenciam as<br />

mesmas questões, e não com os pais que geralmente vivem culturas diferentes.<br />

(2008,64). Se esses jovens acreditassem no risco das drogas enquanto psicoativos é<br />

possível que a confiança nos pais para dialogar sobre a questão fosse maior, pois estes<br />

últimos são caracterizados como provedores de saúde. Dessa forma, é possível que<br />

riscos ligados a drogas sejam percebidos pelos pesquisados como aspectos estruturais da<br />

rede de consumo.<br />

Refletindo diretamente sobre as comunidades de pertença básicas da juventude –<br />

família e escola, onde acima de tudo se trabalha as relações de confiança – é possível<br />

identificar mudanças que estão ocorrendo nas últimas quatro décadas, a começar pela<br />

própria operacionalização das representações do papel central da família em sua<br />

formatação convencional: “enquanto apenas 10% dos jovens com ensino superior são<br />

casados 61 , 43% dos que têm até a 4° série do ensino fundamental já compõem uma nova<br />

unidade familiar”. Por outro lado, “cada vez mais, jovens vivenciam certos elementos<br />

de ‘transição para a vida adulta’ sem realizar a independência da família de origem”<br />

(2008, 47), ou seja, os menos escolarizados estão casando mais, talvez indicando que o<br />

casamento não seja uma opção para quem está em condições de realizar reflexões sobre<br />

o momento socioeconômico, mas sim uma tradição estabelecida para os que dispõem de<br />

menores condições de reflexividade que assim a abraçam como um valor dado.<br />

61 - o que pode ser aferido na pesquisa que realizo com universitários na qual apenas um dos vinte e dois<br />

interlocutores é casado.<br />

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