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Tese 8 - Neip

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Essa iniciativa demandou um grau de confiança e organização comunitária que<br />

resultou na operacionalização de um blog como ferramenta de comunicação. Neste blog<br />

podem ser encontrados, além de debates de questões urgentes, como a agressão que um<br />

dos integrantes do coletivo sofreu por parte da polícia civil ao ser flagrado portando<br />

dois baseados, links que permitem acessar centros de atenção, defensoria pública, leis,<br />

pesquisas, entrevistas e eventos sobre a temática das drogas. Justamente num momento<br />

histórico em que várias minorias consolidam o direito de assumirem vozes públicas 193 ,<br />

as vozes emitidas pela cultura positiva da maconha – e que muitas vezes são vozes que<br />

passam ao largo das universidades, daí a preocupação do coletivo com a “inclusividade”<br />

dos excluídos - encontraram um veículo legítimo e instrumentalizado para clamar por<br />

seu direito a inclusão. A respeito da necessidade manifesta neste movimento de<br />

configurar uma representação de inclusão dos usuários à cidadania e mesmo à cultura de<br />

consumo, um dos interlocutores que é simpatizante do coletivo, já havia sinalizado:<br />

T.V. - como você vê a proibição da Marcha?<br />

Oscar Wilde - é o segundo ano que eu acompanho de perto e mais uma vez é algo<br />

que fere a liberdade de expressão, de livre manifestação. Pega-se a lei e interpreta-se<br />

ela de acordo com os argumentos que são mais cabíveis aos propósitos. A Marcha<br />

cumpre o papel dela mesmo não rolando, porque essa discussão já estourou na mídia.<br />

O que o coletivo traz para o primeiro plano da discussão é que já não há mais<br />

legitimidade para que uma interpretação sobre as leis e a representabilidade de hábitos<br />

“de acordo com os argumentos que são mais cabíveis aos propósitos” de uma<br />

comunidade com interesses contrários à questão, seja estabelecida como a Verdade<br />

histórica. Em seu ponto de vista é aí que se encontra o erro histórico. Os integrantes da<br />

ANANDA também perceberam que a marcha já cumpriu seu papel, pois mesmo tendo<br />

sua data de realização procrastinada, a reflexividade em torno de sua proposta se<br />

consolidou em escala mais ampla do que a originalmente objetivada; algumas pessoas<br />

que não participam da cultura da maconha passaram a respeitar o movimento por não<br />

concordarem com a demonização de um debate público sobre uma questão considerada<br />

de interesse geral.<br />

193 - a Parada Gay e a Parada do Orgulho Louco já foram incluídos nos calendários culturais da cidade.<br />

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