06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

maior realismo no combate às drogas, sem preconceitos ou visões ideológicas, que<br />

ajudaria a reduzir danos às pessoas, sociedade e instituições”, (Época on line, 13/02/09).<br />

Talvez não seja por acaso que em 2009 as Supremas Cortes do México e da<br />

Argentina relativizaram os controles proibicionistas, descriminalizando o porte de<br />

pequenas quantidades de drogas. Do outro lado do Atlântico, em vários países, a posse<br />

pessoal de qualquer droga já não é crime. Espanha, Portugal, Itália, República Checa,<br />

alguns estados alemães e Cantões Suíços estão gradativamente abolindo a política<br />

proibicionista. Mesmo nos países que prescrevem o uso de drogas como crime, na<br />

prática muito poucos vão para a prisão. Os que chegam a ser presos cumprem frações<br />

das penas. Na Inglaterra, onde em tese as leis são duras, na prática só 0,2% dos usuários<br />

seguem para a prisão por no máximo 3 meses. (How drugs are being decriminalised.<br />

Revista Economist, 12/11/09).<br />

Também na América do Norte estão sendo operadas algumas ressignificações. Se no<br />

começo dos anos 1970, durante o governo explicitamente proibicionista de Nixon, 84%<br />

dos norte americanos eram contra a descriminalização da maconha e 12% a favor, hoje<br />

no governo de Obama, que vem gradativamente reconhecendo o fracasso do<br />

proibicionismo, 44% são a favor e 54% são contra (Gallup,19/10/09). Essa mudança de<br />

posicionamento público não se dá apenas entre os cidadãos, se dá também entre as<br />

instituições mantenedoras de mecanismo de controle social. O Departamento de Justiça<br />

estadunidense anunciou que flexibilizará a luta contra o consumo da maconha medicinal<br />

nos 14 estados que o autorizam, embora a tolerância aos traficantes que tentarem tirar<br />

vantagem da lei será mínima. Para situar a questão, em Los Angeles no final de 2009,<br />

havia 80 pontos de venda de maconha medicinal. A maconha comprada com recibo – o<br />

consumidor paga uma taxa de US$ 99,00 para ter direito a um documento que lhe dá<br />

acesso ao serviço - é remédio, enquanto a maconha comprada ilicitamente continua<br />

sendo considerada veneno. Entretanto, com esse precedente terapêutico aberto, a<br />

maconha começa a ser “desdemonizada”, e, não exclusivamente na Califórnia, já se<br />

pensa também na descriminalização da maconha não medicinal.<br />

Uma reflexão sobre a regulamentação do consumo de maconha seja nos EUA ou no<br />

Brasil deve levar em conta o equilíbrio entre a perspectiva econômica e os riscos e<br />

danos que este consumo pode acarretar à saúde. Usuários de drogas lícitas antes com<br />

poucas sanções, como álcool e tabaco, cujos danos são muito mais dispendiosos do que<br />

os causados pela maconha, agora aprendem a lidar com controles mais rígidos.<br />

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, se põe em perspectiva uma regulação do<br />

264

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!