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Tese 8 - Neip

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levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo<br />

envolvendo as 107 maiores cidades do país 2001 – que aponta que entre os anos de<br />

1987 e 1997, houve um aumento de uso na vida de maconha - de 2,8% para 7,6% - e o<br />

de cocaína - de 0,5% para 2%. Em sentido absoluto estes números impressionam, mas<br />

num sentido relativo, especificamente no que diz respeito a uma comparação com o<br />

aumento do consumo de drogas lícitas como o álcool 68 , a problemática epidemiológica<br />

das drogas ilícitas e os danos relacionados proporcionam um impacto minoritário sobre<br />

a juventude brasileira.<br />

Entretanto, a pesquisadora em saúde pública conclui que, ao observarmos a<br />

reflexividade cotidianamente veiculada pela maior parte dos órgãos midiáticos de<br />

grande porte, é passível de percepção que “Elas (as drogas) ocupam, um lugar de<br />

destaque no imaginário de nossa população, provocando ondas de pânico” (Carlini-<br />

Marlatt:2008,310), talvez até um pânico moral 69<br />

estigmatizações recorrentes.<br />

(Cohen:1972) proporcional às<br />

Um questionamento pertinente levantado por Carlini-Marlatt é no sentido de traçar<br />

um perfil legítimo dos usuários de drogas ilícitas que não se restrinja à idade, gênero e<br />

etnia. Dados a respeito são construídos secundariamente, aparecendo em pesquisas da<br />

área educacional que giram em torno de alunos com baixo rendimento e com problemas<br />

de família. Por esses alunos geralmente serem apontados como os mais propensos ao<br />

consumo de drogas, tende-se a interpretar esse consumo como sendo fruto da escolha e<br />

não da falta de escolha. “Nesses casos, o uso de drogas ilícitas parece ser menos<br />

resultado da oportunidade de usá-las do que da falta de oportunidade em outros<br />

domínios da vida social e afetiva” (Carlini-Marlatt:2008, 314).<br />

Ao fim e ao cabo, a pesquisadora indica que, se questões de segurança pautam o<br />

discurso cultural da juventude dos dias de hoje, não é na cultura do ensino do nível<br />

68 - “52% das vítimas de homicídio, 64% das de afogamento fatais e 51% dos vitimizados fatalmente em<br />

acidentes de trânsito apresentaram álcool na corrente sanguínea em níveis mais elevados do permitido<br />

para dirigir veículos” (DUARTE e CARLINI-COTRIM, 2000)”... “Estudos feitos em prontos-socorros de<br />

Brasília, Curitiba, Recife, Salvador (NERY FILHO et alii, 1997), São Paulo (GAZAL-CARVALHO et<br />

alii, 2002), e Campinas (MANTOVAN et alii, 1993), por diferentes autores e instituições, também<br />

encontram presença de álcool no sangue de vítimas em porcentagens que variam de 29% a 61%).”<br />

(CARLINI-MARLATT:2008, 306/307).<br />

69<br />

- sobre o pânico moral: “Sociedades parecem ser sujeitas, agora e sempre, a períodos de pânico<br />

moral. A condição, episódio, pessoa ou grupo emerge para se tornar definido como uma ameaça aos<br />

valores e interesses sociais; sua natureza é apresentada de uma forma estilizada e estereotipada pela mídia<br />

de massa [...] Especialistas credenciados pela sociedade anunciam seus diagnósticos e soluções; formas<br />

de confrontamento são envolvidas ou (mais comum) são utilizados para, a condição então desaparecer,<br />

submergir ou deteriorar e então se tornar mais visível”. (COHEN:1972). O pânico moral é assim uma<br />

arma eficiente para efetuar controles sociais.<br />

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