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Tese 8 - Neip

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abordagem meramente quantitativa, os adeptos do rastafarianismo também fumam uma<br />

grande quantidade de maconha sem deixar de executar suas tarefas habituais, claro que<br />

em diferentes contextos e com diferentes motivações. Se tamanho risco parece ter sido<br />

compatível com sua então estrutura de vida, talvez o mais impactante da fala de<br />

Blavatsky ainda esteja por vir:<br />

Blavatsky - Cheguei a fazer movimento, a vender, cheguei a passar dificuldade em<br />

relação à polícia, apreensão, já passei duas situações assim, fui pega na casa de um<br />

traficante...<br />

T.V. - E como começou o “movimento”?<br />

Blavatsky - Eu comecei a fumar cada vez mais, meus pais não me davam uma<br />

quantidade de dinheiro pra fazer o que eu quisesse, eles perceberam que eu fumava, já<br />

tavam falando, mas eu queria aumentar o meu consumo e ficava limitada por questões<br />

financeiras. Aí eu passei a ver que se eu comprasse uma quantidade maior e ficasse<br />

com metade e vendesse a outra metade, eu podia economizar o dinheiro que meus pais<br />

davam pra comer uma merenda. Peguei meio quilo, fiquei com a parte melhor e vendi<br />

250 gramas. E comecei a fazer isso. Tinha épocas que eu aumentava, porque as pessoas<br />

me procuravam pra comprar uma quantidade maior e eu comecei a movimentar mais.<br />

Tinha épocas que eu ficava só restrita mesmo ao meu consumo. Mas eu cheguei a fazer<br />

um movimento bom, em um mês pegar cinco quilos de fumo e adiantar.<br />

T.V. - E daí pra parar na polícia, como é que foi?<br />

Blavatsky - Eu tinha um cara, traficante matuto, ele vinha lá de Pernambuco,<br />

Cabrobró, e ele trazia o melhor, eu sempre fui muito exigente com a qualidade, eu<br />

rodava todos os interiores da Bahia pra ter o melhor. Eu fiz amizade com ele e ia na<br />

casa dele pegar. Determinado momento eu cheguei na casa dele pra pegar dois ou três<br />

quilos, e quando eu cheguei a polícia tava lá e foi aquela situação. Eu fui arrolada<br />

como testemunha de acusação do cara, eu fiquei numa situação constrangedora,<br />

porque como é que eu ia acusar uma pessoa que me fornecia? Fiz isso pra não ser<br />

arrolada como fazendo formação de quadrilha. O advogado disse: “você é uma pessoa<br />

de família, universitária - tinha acabado de entrar na faculdade, tava com 19/20 anos -,<br />

aí você denuncia ele”. Eu aceitei a situação, mas eu procurei evitar problemas pro<br />

cara que acabou ficando preso cinco anos, pegou AIDS na cadeia e morreu. Foi<br />

horrível pra mim, eu tive que ir mais de dez vezes na justiça, eu jovem, despreparada,<br />

foi uma situação problemática.<br />

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