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Tese 8 - Neip

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mesmo papel que tinha na contracultura, onde se tentava uma liberação sexual, liberto<br />

de certos valores.<br />

T.V. - O pessoal do hip hop diz que o pessoal das raves é pela inércia e não pelo<br />

movimento, você concorda?<br />

Zumbi - A música eletrônica ao contrário da contracultura não tem muito a questão<br />

da letra, da palavra. Como a maioria das músicas é instrumental, já não tem<br />

mensagem, enunciados, e como são ambientes bem barulhentos, quase não há diálogo.<br />

As questões da cultura se dão entre as raves; as pessoas acabam convivendo, falando<br />

de som, falando de cultura. A militância que se passa é uma forma de viver<br />

experiências de psiconáutica, utilizar uma droga pra saber qual é o efeito dela, usar o<br />

máximo de drogas diferentes possíveis. Hoje as raves cresceram e acabam angariando<br />

várias tribos, às vezes inconcebíveis: o playboy que curte pagode e axé, hoje em dia tá<br />

indo pra rave.<br />

T.V. - E usa drogas sintéticas?<br />

Zumbi - Acho que vai por causa disso. Quando ia atrás do Trio elétrico, o máximo<br />

que usava era um lolozinho, lança-perfume, hoje vão pra rave pra ficar na mesma vibe,<br />

só que com outros tipos de drogas. E é aí que eu vejo a diferença, porque quando vai<br />

atrás do Trio elétrico, o lance é pegar o máximo de mulher possível. Na rave não tem<br />

essa vibe nem entre as mulheres, o lance é se drogar, chupar pirulito, ficar fazendo<br />

careta, (risos).<br />

T.V. - O quase não haver diálogo seria possível se não houvesse psicoativos?<br />

Zumbi - A altura da música atrapalha, mas eu já fui em rave onde eu não usei nada<br />

e conversei bem mais.<br />

Na zona autônoma temporária citada por Zumbi o cancelamento momentâneo dos<br />

valores dominantes não está posto necessariamente em palavras e diálogos, pois, a<br />

perspectiva é de que “A militância que se passa é uma forma de viver experiências de<br />

psiconaútica”. Para os frequentadores mais fieis desta comunidade o problema passa a<br />

ser configurado com a banalização do consumo de drogas sintéticas, a partir do qual<br />

outra tribo e sua “forma de viver” passam a frequentar e agregar outros valores à cena<br />

eletrônica, valores que não favorecem a aporia e sim ao antagonismo de hábitos e ao<br />

conflito de interesses. Nesse sentido o recorte sexual que é trazido para o setting<br />

eletrônico pelos playboys gera mais tensão do que interação para os mais ortodoxos.<br />

Einstein por exemplo, deve ser o que Zumbi chamaria de playboy já que para aquele<br />

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