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Tese 8 - Neip

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Pessoa, Cuiabá, Natal e Manaus. Segundo a mensagem, o elo de ligação entre os<br />

ativistas locados nestas cidades e os pesquisadores contatados é que, como muitos<br />

ativistas são estudantes e muitos dos pesquisadores estão envolvidos com a docência, “é<br />

possível que muitos deles já tenham sido seus alunos”.<br />

Em setembro de 2009 o coletivo guardou uma grande vitória no currículo quando foi<br />

concedido um Habeas Corpus que garantiu segurança judicial para a realização da<br />

marcha. No dia 05 de dezembro de 2009 a Marcha da Maconha aconteceu. Em torno de<br />

mil pessoas estiveram presentes na manifestação, pessoas de setores distintos da<br />

sociedade – além de estudantes e professores, puderam ser identificados médicos,<br />

artistas, jornalistas e uma simpática Mãe de Santo à frente do cortejo devidamente<br />

trajada. Como uma sorridente porta-bandeira ela carregava um cartaz com os dizeres:<br />

“Contra a criminalização do usuário da maconha” 198 . Entre as pessoas que passavam<br />

pelo Farol da Barra naquela tarde de sábado muitas aderiram perpetuando uma<br />

representatividade heterogênea para o evento. O transito parou de circular por quase<br />

uma hora, mas foi perceptível que os motoristas e passageiros não manifestaram<br />

maiores irritações. Alguns de dentro dos carros e ônibus sorriam e até cantavam em tom<br />

de brincadeira, as músicas que os integrantes da marcha cantavam – sou maconheiro/<br />

com muito amoooor/ foi o refrão mais entoado. Alguns liam os panfletos distribuídos<br />

com surpresa, outros com ampla receptividade, mas não foram percebidas hostilizações<br />

à manifestação. O mais curioso é que os policiais enquanto agentes de controle<br />

formais não foram vistos na área - claro que meus olhos não são os mais treinados para<br />

perceber quem não quer ser percebido – mas isso não provocou pânico entre os<br />

transeuntes nem entre os motoristas que foram suficientemente pacientes para não<br />

buzinarem evitando poluição sonora no bairro.<br />

A organização da marcha foi eficiente para não perturbar a ordem municipal – o<br />

carro de som se manteve emitindo um volume de decibéis tolerável - principalmente por<br />

que um dos mecanismos de controle propostos era que portar e usar drogas durante a<br />

manifestação seria contrário aos objetivos em pauta e esse item foi facilmente mantido,<br />

a não ser por um baseado que foi aceso por alguns artesãos que já estavam no local e se<br />

incorporaram ao movimento, mas foram rapidamente avisados pelos manifestantes da<br />

inviabilidade do ato. Os próprios manifestantes acabaram sendo os agentes de controle<br />

198 - de acordo com um dos organizadores da Marcha: “o lance da Mãe-de-Santo foi algo muito louco. Ela<br />

é quem nos procurou, perguntando se poderia ir na Marcha. Me mandou um e-mail! eu disse que é claro,<br />

iríamos adorar, e ela pareceu com os netinhos, a placa já pronta e toda vestida de baiana, inclusive com os<br />

detalhes verdes. Ela disse que não é usuária mas o filho é, e ela não quer que ele morra por isso”.<br />

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