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Tese 8 - Neip

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médio, mas na cultura universitária onde vai ser encontrado o maior número de jovens<br />

que pensam a descriminalização da maconha como uma questão de segurança e não<br />

apenas questão de liberdade.<br />

“Em relação à descriminalização da maconha, [...] os jovens se revelam<br />

ainda mais conservadores do que nos outros temas, com somente 17% de<br />

concordância (o máximo de apoio a essa bandeira foi encontrado entre os<br />

jovens com instrução universitária, 28%)”. (CARLINI-MARLATT:2008,<br />

315)<br />

E não apenas Carlini-Marat, pois a pesquisa realizada por Venturi e Bokany também<br />

indica que estudantes do nível médio seguem esta direção: “quatro em cada cinco são<br />

favoráveis a exames antidoping nas escolas para detectar o uso de drogas [...] a maioria<br />

é contra [...] o consumo da maconha (81%) - droga que teria sido experimentada por<br />

apenas 10%”, (2008, 352).<br />

Se a maior parte desses jovens se mostra contrária quanto à descriminalização da<br />

maconha, talvez não se deva cogitar que estes jovens sejam efetivamente mais<br />

conservadores - com a maior disponibilidade de informações que há hoje sobre o<br />

assunto - que seus pais e irmãos mais velhos, pois nem toda geração 1970 foi tão<br />

libertária quanto a representação dominante pode fazer crer:<br />

“foi a existência efetiva dessas vanguardas (minoritárias por definição) que<br />

fez com que sua atitude, no plano da leitura dos fatos, fosse generalizada<br />

como a de toda uma geração e – mais importante, porque no plano<br />

propriamente dos fatos – fez com que os valores que propagavam fossem<br />

gradual e parcialmente, modificando o horizonte moral dominante, a ponto<br />

de permitir o arrefecimento do conflito intergeracional, tal como hoje se<br />

observa.” (VENTURI & BOKANY:2008,353/4)<br />

A representação hoje dominante dessa juventude “setentista” é a representação<br />

configurada em torno de uma elite específica que deve ter correspondido a uma<br />

porcentagem inferior aos 17% de jovens atualmente a favor da descriminalização da<br />

maconha e, nesse sentido, tais 17% são exemplares de uma outra elite, na medida em<br />

que não são rotulados de revolucionários ou guerrilheiros, são apenas jovens que se<br />

organizam em tribos 70 para levar adiante o processo de construção de suas identidades.<br />

Além disso, Venturi e Bokany percebem que ser parte de uma minoria a favor da<br />

descriminalização da maconha não quer dizer que a maioria os veja da forma como<br />

70 - de acordo com Maffesoli: “O tribalismo lembra, empiricamente, a importância do sentimento de<br />

pertencimento, a um lugar, a um grupo, como fundamento essencial de toda vida social”. (2006,11).<br />

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