06.04.2015 Views

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

Tese 8 - Neip

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

não se deve esperar que os jovens sustentem reflexões muito profundas sobre o<br />

processo, até porque ainda o estão vivenciando. É passível de percepção que uma<br />

tendência em configuração entre os jovens é de que a responsabilidade não deve ser<br />

perspectivada como uma categoria com valor necessariamente conflitante com os<br />

valores que caracterizam a juventude, principalmente no caso do Nordeste do Brasil,<br />

onde a responsabilidade pelo sustento econômico chega mais cedo. Nesta região do país<br />

circulam os mais baixos valores de remuneração dos jovens brasileiros, com 94%<br />

faturando até meio salário mínimo (Lassance: 2008,76). Nesse recorte:<br />

“tendo em vista a crise da sociedade assalariada e as transformações do<br />

mundo do trabalho, tornando o desemprego uma categoria de natureza<br />

estrutural e permanente para grandes contingentes populacionais, a<br />

autonomia do adulto via independência financeira pode não se realizar.”<br />

(SPOSITO: 2008, 89).<br />

Em meio a esse cenário de poucas opções de trabalho a configuração da identidade<br />

juvenil que já não pode ser centrada nem na família nem na escola carece de uma outra<br />

instância num certo sentido menos institucionalizada para servir como referência:<br />

“o espaço deixado por essas formas tradicionais - escola e família - passa<br />

‘a ser ocupado por um maior desdobramento da subjetividade juvenil’ e é<br />

‘nessa desinstitucionalização da condição juvenil que têm surgido as<br />

possibilidades de viver a etapa da juventude de uma forma distinta da que<br />

foi experimentada por gerações anteriores’.” (SPOSITO: 2008, 91).<br />

É possível interpretar que a subjetivação sugere outra forma de institucionalização<br />

que não as tradicionais, mas que nem por isso deixa de ser intitucionalizável. Para<br />

estruturar a subjetividade, a confiança que os jovens depositaram em seus familiares é<br />

projetada em outros especialistas, os professores, não no sentido de que sejam os<br />

detentores do conhecimento, mas como agentes que possam ajudar a juventude a<br />

interpretar tal conhecimento em maior acordo com as demandas glocais: dos jovens que<br />

só cursaram até o ensino fundamental, 88% depositam confiança nos professores; dos<br />

que chegaram até o ensino médio, 92% confiam; e dos que chegaram ao ensino<br />

superior, 95% dizem confiar (Sposito:2008,114). Se Derrida já indicava a<br />

descentralização da relação professor/aluno nas configurações universitárias, isto não<br />

quer dizer que não haja uma ressignificação positiva dessa relação. Pelo contrário, esta<br />

relação deve passar de uma perspectiva meramente intelectual para se configurar como<br />

uma perspectiva relacional afetiva. De acordo com Sposito: “especialistas acreditam que<br />

70

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!