Anais da 27º Semana CientÃfica - Hospital de ClÃnicas de Porto Alegre
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Revista HCPA 2007; 27 (Supl.1)<br />
bibliográfica sobre os fatores etiológicos, as diferentes mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s terapêuticas e a a<strong>de</strong>são ao tratamento <strong>da</strong> anorexia e bulimia<br />
nervosas. A etiologia multifatorial é resultado <strong>da</strong> combinação <strong>de</strong> fatores psicológicos, genéticos, biológicos e principalmente<br />
sócio-culturais. Entre os tratamentos, os resultados mais expressivos são conseguidos com psicoterapia, mas é indispensável a<br />
atuação conjunta <strong>de</strong> nutricionistas, médicos, enfermeiros e psicólogos, o que gera uma maior a<strong>de</strong>são. Além <strong>da</strong> atuação <strong>de</strong> uma<br />
equipe multiprofissional, conclui-se que é necessário um tratamento individualizado que enfoque as possíveis causas do<br />
transtorno para ca<strong>da</strong> paciente.<br />
O CONTEXTO SOCIOECONÔMICO-CULTURAL COMO FATOR DE RISCO PARA O SOFRIMENTO PSÍQUICO.<br />
ILVA INÊS RIGO; AGNES OLSCHOWSKY<br />
A Reforma Psiquiátrica trouxe mu<strong>da</strong>nças na atenção em saú<strong>de</strong> mental, propondo a construção <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>dos no espaço do território<br />
através <strong>de</strong> serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico. Para a atuação na comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, é importante estabelecer alianças com<br />
li<strong>de</strong>ranças locais e saber quais grupos populacionais po<strong>de</strong>m estar em risco para adoecimento.Este trabalho consiste na revisão<br />
bibliográfica para i<strong>de</strong>ntificar quais os fatores, no contexto socioeconômico-cultural, que causam vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ao indivíduo para<br />
o aparecimento do sofrimento psíquico. Para o levantamento dos <strong>da</strong>dos foram usa<strong>da</strong>s como palavras chaves saú<strong>de</strong> mental,<br />
socioeconômico e cultural. A consulta inicial resultou em 175 referências, <strong>de</strong>stas, 12 eram a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s ao tema e foram usa<strong>da</strong>s. Na<br />
análise após leitura, i<strong>de</strong>ntificou-se que a baixa ren<strong>da</strong> atua como estressor diário, expondo pessoas a situações perigosas,<br />
potencializando a vivência <strong>da</strong> doença mental, dificultando sua reabilitação <strong>de</strong>vido à existência <strong>de</strong> frágeis re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio. Quanto<br />
ao gênero, as mulheres têm maior vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela dupla jorna<strong>da</strong> <strong>de</strong> trabalho, pela invisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do trabalho doméstico e pelo<br />
seu papel cultural <strong>de</strong> prover apoio às pessoas próximas, sobrecarregando-as. A etnia, o envelhecimento, a escolari<strong>da</strong><strong>de</strong>, o<br />
<strong>de</strong>semprego e trabalhos informais, manuais e domésticos aparecem também como fator <strong>de</strong> risco para alteração na saú<strong>de</strong> mental<br />
dos indivíduos. Assim, pensamos que a atenção básica aparece como recursos estratégicos nas ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental,<br />
promovendo cui<strong>da</strong>do que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a proteção e a promoção <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> até o diagnóstico e tratamento <strong>de</strong>vido sua proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />
famílias e comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
SUPERVISAO DE ENFERMAGEM, UMA EXPERIÊNCIA NO CAPS: CONSTRUINDO SABERES COLETIVAMENTE<br />
VALDERLANE BEZERRA PONTES NETTO;<br />
RESUMO O trabalho discute a importância <strong>da</strong> supervisão acadêmica <strong>de</strong> professores na ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental II. A supervisão<br />
visa trabalhar coletivamente temáticas ocorri<strong>da</strong>s no grupo <strong>de</strong> alunos durante o estágio ocorrido no CAPS (Centro <strong>de</strong> Atenção<br />
Psicossocial). As principais temáticas foram: sentimentos, situações vivencia<strong>da</strong>s junto a usuários, equipe e abor<strong>da</strong>gens<br />
terapêuticas e sentimentos dos alunos durante o estágio. A supervisão como um espaço <strong>de</strong>mocrático on<strong>de</strong> o aluno apren<strong>de</strong> a ouvir,<br />
e também a se posicionar junto aos colegas e professores. Dessa forma os sentimentos negativos vão <strong>da</strong>ndo espaço à construção<br />
do aprendizado. Abor<strong>da</strong> o papel do ensinante e do apren<strong>de</strong>nte em função <strong>de</strong> um terceiro: o aprendizado. Enfoca também a<br />
importância do aluno ensinar enquanto apren<strong>de</strong> para reor<strong>de</strong>nar o aprendizado. Conclui que <strong>de</strong>vido à supervisão acadêmica<br />
proposta foi possível trabalhar estigmas, preconceitos e po<strong>de</strong>r li<strong>da</strong>r com a doença mental com mais tranqüili<strong>da</strong><strong>de</strong>, elaborando<br />
assim um aprendizado construtivo.<br />
DESFECHOS DE LONGO PRAZO EM PACIENTES COM TRANSTORNO DE PÂNICO TRATADOS COM TERAPIA<br />
COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: SEGUIMENTO PROSPECTIVO DE CINCO ANOS<br />
ELIZETH HELDT; CAROLINA BLAYA, LETÍCIA KIPPER, VÂNIA N. HIRAKATA, GIOVANNI SALUM JUNIOR,<br />
GISELE GUS MANFRO<br />
Introdução: Existe uma limitação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos que avaliem os fatores associados à resposta ao tratamento <strong>de</strong> transtorno <strong>de</strong> pânico<br />
(TP) em pacientes acompanhados em longo prazo. Objetivo: Avaliar a resposta ao tratamento <strong>de</strong> pacientes com TP resistente a<br />
farmacoterapia, após cinco anos <strong>de</strong> terapia cognitivo-comportamental em grupo (TCCG) e i<strong>de</strong>ntificar os fatores preditores <strong>de</strong>sses<br />
<strong>de</strong>sfechos. Matérial e Métodos: Quarenta sete pacientes que completaram 12 semanas <strong>de</strong> TCCG foram acompanhados durante<br />
cinco anos. As medi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfecho foram avalia<strong>da</strong>s pela Impressão Clínica Global, Inventário do Pânico, Hamilton Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> usando WHOQOL-bref. As características <strong>de</strong>mográficas e clínicas, eventos estressores <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, mecanismos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fesa e tratamento psiquiátrico atual foram as variáveis investiga<strong>da</strong>s como preditores <strong>de</strong> resposta a TCCG através do período <strong>de</strong><br />
seguimento. Resultados: Os pacientes apresentaram redução significativa na gravi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sintomas (agorafobia, ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
antecipatória e ataques <strong>de</strong> pânico) com a manutenção dos ganhos no seguimento <strong>de</strong> cinco anos (tamanho do efeito entre 2,44 e<br />
1,37). Vinte e dois pacientes (47%) permaneceram em remissão após cinco anos, 10 (21%) recaíram durante o período <strong>de</strong><br />
seguimento e 15 (32%) não respon<strong>de</strong>ram a TCCG. A resposta <strong>de</strong>sfavorável a TCCG apresentou um impacto negativo importante<br />
na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>. A análise <strong>de</strong> regressão mostrou que a comorbi<strong>da</strong><strong>de</strong> com distimia e os eventos estressores <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> como os<br />
mais importantes preditores para a pior resposta a terapia. Conclusões: A melhora em to<strong>da</strong>s as avaliações sugere que uma TCCG<br />
breve para pacientes resistentes a farmacoterapia po<strong>de</strong> ser uma alternativa como um próximo-passo para tratamento <strong>de</strong> sintomas<br />
residuais, com a manutenção dos ganhos após cinco anos <strong>de</strong> seguimento. Novas estratégias <strong>de</strong>veriam ser implementa<strong>da</strong>s para<br />
pacientes resistentes, tais como aqueles com comorbi<strong>da</strong><strong>de</strong> com distimia, e alguma ferramenta específica para o enfrentamento <strong>de</strong><br />
eventos adversos.<br />
A RELAÇÃO DE AJUDA NO CONTEXTO DA SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA<br />
ANA CAROLINA LACERDA SCHEIBLER; JOEL KUYAVA<br />
Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar a relação <strong>de</strong> aju<strong>da</strong> enquanto um diálogo que tem um propósito pré-<strong>de</strong>finido entre duas pessoas, on<strong>de</strong> o<br />
objetivo <strong>da</strong> entrevista é auxiliar o indivíduo que necessita <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>, que po<strong>de</strong> vir até nós livremente ou por meio <strong>de</strong> nosso convite.<br />
Em qualquer caso, a questão fun<strong>da</strong>mental para o profissional <strong>de</strong>ve ser sempre a seguinte: qual será o melhor modo <strong>de</strong> aju<strong>da</strong>r essa<br />
pessoa? (BENJAMIN, 1994). Ao enfermeiro que atua em saú<strong>de</strong> mental utilizar-se <strong>de</strong>ste recurso, segundo Kyes (1986), é<br />
fun<strong>da</strong>mental que proporcione um ambiente livre <strong>de</strong> tensões externas para que o relacionamento terapêutico não seja afetado por