14.09.2015 Views

Anais da 27º Semana Científica - Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Anais da 27º Semana Científica - Hospital de Clínicas de Porto Alegre

Anais da 27º Semana Científica - Hospital de Clínicas de Porto Alegre

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

282<br />

Revista HCPA 2007; 27 (Supl.1)<br />

reconheci<strong>da</strong> quando elas são produzi<strong>da</strong>s (Peräkylä, 1998). Averiguamos que durante algumas explicações, os profissionais <strong>da</strong><br />

saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m informar <strong>de</strong> maneira bastante explicativa, usando recursos didáticos que facilitam a compreensão <strong>da</strong>s pacientes. Os<br />

médicos parecem também disponibilizar maior tempo <strong>de</strong> fala às pacientes, <strong>da</strong>ndo espaço para que elas façam questionamentos<br />

e/ou contribuições para a consulta.<br />

IDENTIDADES DE GÊNERO EMERGENTES NA FALA EM INTERAÇÃO DURANTE A NEGOCIAÇÃO DA<br />

ESTERILIZAÇÃO<br />

MARILÉIA SELL; ANA CRISTINA OSTERMANN<br />

A concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> pós-estruturalista, não mais entendi<strong>da</strong> como estática, engessa<strong>da</strong> e natural, postula que existem<br />

inúmeras possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntitárias que emergem em contextos socioculturais situados e <strong>de</strong> forma negocia<strong>da</strong> (BUCHOLTZ e<br />

HALL, 2005; WENGER,1998).Trancar a pessoa em categorias fixas e binárias, nessa perspectiva, acaba por retirar-lhe a<br />

agentivi<strong>da</strong><strong>de</strong> no mundo (BUTLER, 1990; 1993), limitando-a àquilo que é tido como “natural” e pré-discursivo. Através <strong>da</strong><br />

microanálise <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos naturalísticos <strong>da</strong> fala em interação, <strong>da</strong> inserção etnometodológica (FETTERMAN, 1998) e sob o recorte<br />

teórico-metodológico <strong>da</strong> Análise <strong>da</strong> Conversa (SACKS, 1982; WOOFFITT, 2005; HUTCHBY; WOOFFITT, 1998), Análise <strong>da</strong>s<br />

Categorias <strong>de</strong> Pertença (SACKS,1992; SILVERMAN,1998) e Sociolingüística Interacional (OSTERMANN, 2003; GUMPERZ,<br />

1982; GOFFMAN,1995), esta pesquisa atenta para como os/as pacientes se orientam e quando fazem uso <strong>de</strong> categorizações sobre<br />

o que enten<strong>de</strong>m ser homem e ser mulher durante o evento <strong>da</strong> consulta psicológica, pré-requisito legal na negociação <strong>da</strong><br />

esterilização, vinculado ao Programa Nacional <strong>de</strong> Planejamento Familiar. Além disso, a pesquisa busca averiguar que tipos <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são relaciona<strong>da</strong>s aos papéis sociais <strong>de</strong> homem e <strong>de</strong> mulher e como as próprias i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero são negocia<strong>da</strong>s<br />

entre os/as participantes na e através <strong>da</strong> interação.<br />

A HUMANIZAÇÃO NO SUS: UMA ANÁLISE DO FENÔMENO DA EXPLICAÇÃO DAS PACIENTES NAS CONSULTAS<br />

GINECOLÓGICAS E OBSTÉTRICAS<br />

JOSEANE DE SOUZA; ANA CRISTINA OSTERMANN<br />

Este trabalho está vinculado a um projeto <strong>de</strong> pesquisa maior (Ostermann, 2005) que tem como objetivo investigar como<br />

acontecem as interações entre médicos (ginecologistas, obstetras, etc.) e pacientes. A abor<strong>da</strong>gem teórica e metodológica utiliza<strong>da</strong><br />

é a <strong>da</strong> Análise <strong>da</strong> Conversa (Sacks, 1992), que investiga <strong>da</strong>dos naturalísticos, que são, nessa pesquisa, consultas médicas grava<strong>da</strong>s<br />

em áudio, coleta<strong>da</strong>s em um posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do SUS <strong>da</strong> região metropolitana <strong>de</strong> <strong>Porto</strong> <strong>Alegre</strong>, e anotações <strong>de</strong> observações sobre o<br />

contexto local. Tomou-se como ponto <strong>de</strong> parti<strong>da</strong> as novas políticas <strong>de</strong> humanização dos atendimentos cria<strong>da</strong>s pelo Ministério <strong>da</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (HumanizaSUS) para se analisar <strong>de</strong> que forma se está humanizando através <strong>da</strong> linguagem. Especificamente, neste trabalho,<br />

é analisa<strong>da</strong> a maneira como o médico respon<strong>de</strong> às atribuições <strong>da</strong>s pacientes sobre seus problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (explicações <strong>da</strong>s<br />

pacientes sobre as possíveis causas <strong>de</strong> seus problemas). O que se observou é que os médicos do posto pesquisado ten<strong>de</strong>m a<br />

explorar a atribuição feita pela paciente, respon<strong>de</strong>ndo a ela <strong>de</strong> maneira mais humaniza<strong>da</strong>. O presente trabalho preten<strong>de</strong> oferecer<br />

uma compreensão sobre o que a fala em interação tem a dizer sobre o processo <strong>de</strong> humanização <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher e uma<br />

contribuição às discussões e reflexões que po<strong>de</strong>m ocorrer nos ambientes acadêmico e profissional.<br />

COMO SÃO ABORDADOS TÓPICOS DELICADOS EM CONSULTAS GINECOLÓGICAS/OBSTÉTRICAS?<br />

DÉBORA REJANE DA ROSA; ANA CRISTINA OSTERMANN<br />

O foco <strong>da</strong> pesquisa é o modo como as pessoas abor<strong>da</strong>m tópicos <strong>de</strong>licados ou tópicos tabu em consultas ginecológicas e<br />

obstétricas. Ain<strong>da</strong> que essas consultas configurem eventos apropriados para tópicos <strong>de</strong>licados, médicos e pacientes <strong>de</strong>monstram<br />

sinais <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconforto ao abordá-los. Os <strong>da</strong>dos para esta pesquisa foram coletados durante o ano <strong>de</strong> 2006, em um posto do Sistema<br />

Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> localizado na região metropolitana <strong>de</strong> <strong>Porto</strong> <strong>Alegre</strong>, através <strong>da</strong> gravação em áudio <strong>da</strong>s consultas. As gravações<br />

foram transcritas e analisa<strong>da</strong>s adotando os métodos <strong>de</strong> Análise <strong>da</strong> Conversa, propostos por Sacks, Schegloff e Jefferson (1974).<br />

Distúrbios encontrados em pesquisas anteriores marcam assuntos relativos à sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong>; tais distúrbios configuram pausas longas<br />

durante a conversa, hesitações para <strong>de</strong>terminados tópicos , evitações <strong>de</strong> certos termos, entre outros, e são nomeados por Silverman<br />

e Peräkylä (1990) como perturbações. Weijts, Houtkoop e Mullen (1993) observaram, na Holan<strong>da</strong>, consultas ginecológicas e<br />

obstétricas, i<strong>de</strong>ntificando também fenômenos <strong>de</strong> perturbações na interação médico/paciente. Utilizando orientações <strong>de</strong> autores<br />

como Hutchby e Wooffitt (2001), Heritage (1984) e ten Have (1999), a análise <strong>da</strong>s interações aponta os tópicos marcados por<br />

essas ocorrências e <strong>de</strong>screve as características interacionais pelas quais é possível i<strong>de</strong>ntificá-las. As categorias <strong>de</strong> distúrbios<br />

interacionais: pausas (períodos <strong>de</strong> silêncio que antece<strong>de</strong>m uma fala); hesitações (protelações ao produzir uma fala); evitacão<br />

(omissão <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>licados); termos vagos (substituição <strong>de</strong> termos <strong>de</strong>licados por eufemismos). Resultados preliminares<br />

mostram distúrbios na interação tanto na fala <strong>da</strong>s pacientes como dos médicos, em momentos caracterizados pela abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong><br />

assuntos relativos à sexuali<strong>da</strong><strong>de</strong> e partes íntimas <strong>da</strong> mulher .<br />

O USO DE DIRETIVOS EM CONSULTAS OBSTÉTRICAS COM PACIENTES DO SUS<br />

TATIANE ROSA CARVALHO; ANA CRISTINA OSTERMANN<br />

Esse projeto <strong>de</strong> pesquisa advém <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> pesquisa maior (OSTERMANN, 2005), que visa a analisar interações entre<br />

mulheres e profissionais <strong>da</strong> saú<strong>de</strong> em consultas ginecológicas e obstétricas, a fim <strong>de</strong> que possamos enten<strong>de</strong>r melhor como tais<br />

interações acontecem. A instituição escolhi<strong>da</strong> para a geração <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos foi um posto <strong>de</strong> atendimento à saú<strong>de</strong> <strong>da</strong> mulher situado na<br />

região do Vale do Rio dos Sinos. Para a realização <strong>da</strong> pesquisa, utilizamos a proposta <strong>de</strong> Análise <strong>da</strong> Conversa (SACKS, 1992:<br />

HUTCHBY & WOOFFITT, 1998; PSATHAS, 1995; TEN HAVE, 2000). As observações <strong>da</strong>s consultas no posto <strong>de</strong> atendimento<br />

à mulher foram inicia<strong>da</strong>s em março <strong>de</strong> 2006. Após as gravações em áudio <strong>da</strong>s consultas, as interações foram transcritas,<br />

utilizando-se as convenções propostas por Jefferson (1984) e então, analisa<strong>da</strong>s. Durante a análise dos <strong>da</strong>dos focalizamos alguns<br />

fenômenos interacionais, entre eles, o uso <strong>de</strong> diretivos (GOODWIN, 1980; WEST, 1990), que são enunciados que tentam fazer<br />

com que outra pessoa faça algo. Os diretivos po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong> duas formas: forma mitiga<strong>da</strong> (pedidos e sugestões) ou forma

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!