Anais da 27º Semana Científica - Hospital de Clínicas de Porto Alegre

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Revista HCPA 2007; 27 (Supl.1)
sua ênfase numa proposta de defesa dos direitos reprodutivos contradiz as experiências vividas pelas mulheres pobres
participantes do estudo. E, também, que no campo da anticoncepção, estas mulheres não têm acesso a uma atenção em saúde
organizada conforme os princípios do SUS. A pesquisa contribuiu para mostrar aos profissionais de saúde que as práticas em
saúde desenvolvidas pelos serviços no campo do planejamento familiar necessitam ser avaliadas e problematizadas, considerando
todos os fatores que limitam a autonomia contraceptiva de mulheres pobres multíparas, dentre os quais os aspectos individuais e
sociais apontados pela pesquisa. A identificação destes condicionantes leva a conclusão de que a multiparidade nas camadas
pobres tem mais a ver com questões de ordem estrutural do que individual.
GESTAÇÃO DE ALTO RISCO EM IDADE TARDIA: OPÇÃO OU CONSEQÜÊNCIA?
IZABEL CRISTINA HOFFMANN; LÚCIA BEATRIZ RESSEL, CARMEM COLOMÉ BECK
A gestação tardia tem aumentado desde a década de 60 e tem sido um fenômeno mundial. Muitas mulheres têm optado pela
maternidade a partir dos 35 anos, devido sua participação em universidades e disputa pelo mercado de trabalho, tais escolhas tem
acontecido quando já estão mais organizadas social e economicamente. O adiamento da maternidade está o reflexo do aumento da
expectativa de vida dos brasileiros. Há mitos e tabus acerca desta “opção”, e muitas vezes a gestação tardia pode significar risco
materno-fetal (UENO, 2007). Porém, atualmente existem estratégias de enfrentamento a várias destas questões. Apresenta-se
neste estudo uma análise crítica da produção científica da enfermagem acerca do tema “Gestação de alto risco em idade tardia”.
Este exercício foi proposto na disciplina de Construção do Conhecimento em Saúde e em Enfermagem - Mestrado em
Enfermagem, numa universidade federal no interior do Rio Grande do Sul, para averiguar a relevância do tema a ser pesquisado.
A metodologia utilizada foi levantamento bibliográfico e exploratório, utilizando tais critérios de inclusão: quatro bases de dados
em meio virtual (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Base de Dados da Enfermagem, Scientific
Electronic Library Online e Literatura Internacional em Ciências da Saúde.), no período de 2003 a 2007, aliado a busca em
manuais e artigos. Foram utilizados os descritores: gestante de alto risco, gestação tardia e gestação, cuidado e cultura. Encontrouse
834 estudos e selecionados 26 resumos que se aproximam à exploração ao tema. Conclui-se que a enfermagem tem poucas
publicações na área materno-infantil e na perspectiva cultural que se alinha o projeto, acerca do tema proposto, tendo, portanto,
relevância social e cultural para ser pesquisado.
VIVENCIANDO O ALEITAMENTO MATERNO
ANELISE STEFFEN; ILSE MARIA KUNZLER
O leite materno deve ser uma prioridade para o recém nascido, pois contém todos os nutrientes necessários para o seu crescimento
e desenvolvimento, além de fortalecer o vinculo mãe-bebê, recebendo este não só o alimento, mas também amor, carinho e
proteção. Está pesquisa foi realizada numa Unidade Básica de Saúde (UBS), no interior de um município do Rio Grande do Sul.
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo convergente assistencial e teve como objetivo compreender a vivência do processo
do aleitamento materno. Os dados foram coletados por meio de encontros grupais, utilizando o Arco de Manguerez. O grupo
contou com a participação de seis mulheres, com bebês até dois meses de vida. Foram realizados cinco encontros, nos quais
surgiram os seguintes temas: O conhecimento e o acesso à informação sobre aleitamento materno; as dificuldades encontradas na
vivência do processo do aleitamento materno; o cuidado com as mamas durante o aleitamento materno; percepção e o
conhecimento do aleitamento materno; introdução de novos alimentos e o desmame. Os resultados mostram que algumas
mulheres não receberam nenhum tipo de informação durante o pré-natal sobre o processo da amamentação, ou estas informações
foram fragmentadas, tendo que voltar várias vezes a UBS para solucionar os problemas, dúvidas e anseios. Observou-se, um
desejo de dar continuidade nos encontros, com participação de outros profissionais integrantes da equipe de saúde. Considerando
estes dados e o desejo das mulheres, este estudo serviu como uma reflexão para o município. A realização de novos estudos se faz
necessária, para demonstrar quais fatores podem estar comprometendo o sucesso do aleitamento materno, de modo que novas
estratégias possam ser implementadas, a fim de apoiar e incentivar essa prática, que, além de ser a melhor forma de alimentação
para o bebê e que deve ser vivenciada como um prazer e não apenas como obrigação.
RODADAS DE CONVERSA SOBRE O TRABALHO EM SAÚDE NO SERVIÇO DE ENFERMAGEM MATERNO-
INFANTIL (SEMI): UMA EXPERIÊNCIA PILOTO
FERNANDA ROSA INDRIUNAS PERDOMINI; GIOVANA ELY FLORES
Introdução: Seguindo a proposta das Rodadas de Conversa sobre o Trabalho em Saúde, as professoras da Escola Técnica de
Enfermagem, a consultora da área e enfermeira da Ação Diferenciada do Serviço Materno-Infantil (SEMI), iniciaram este projeto
Piloto na Unidade de Internação Obstétrica (UIO). Esta metodologia foi criada por CAMPOS (2001) que refere serem espaços
para discussão de um processo social e subjetivo em que as pessoas ampliam a capacidade de compreender-se a si mesmos, aos
outros e ao contexto, trocando experiências e saberes, discutindo problemas, potencializando assim um amadurecimento e
possibilidades de agir sobre estas relações. Este projeto vem sendo desenvolvido no Hospital de Clínicas inserido no processo
mais amplo de Educação em Serviço com nuances de Educação Permanente. Objetivos: Apresentar através deste relato, a
experiência desenvolvida com a equipe de enfermagem da UIO nos turnos manhã, tarde e noite I, utilizando o ambiente de
trabalho como espaço educativo para reflexão e analise do processo de trabalho. Metodologia: Foram realizados quatro encontros
de uma hora, em horários pré-definidos pela equipe da UIO, dentro da jornada de trabalho. Em cada encontro, foram realizadas
dinâmicas de grupo com o objetivo de acolher, sensibilizar e promover uma discussão dos temas levantados. Resultados: Através
destes encontros, os funcionários poderam refletir a problemática individual e coletiva sobre o processo de trabalho, definir nós
críticos deste processo, assim como a interação da equipe. Também através deste projeto, houve uma ampliação e valorização do
processo de escuta como estratégia para a melhoria da qualidade do cuidado. Este projeto está acontecendo na noite II e irá
começar noite III. Palavras- chaves: Enfermagem- Educação- Saúde Referências: CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. O Apoio
Paidéia. Disponível em: http:/www.campinas.sp.gov.br/saude/paideia/o_apoio_paideia.htm. Acessado em 20/04/07.