15.04.2013 Views

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

o conto insolúvel de Herberto Helder - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

investigações poéticas <strong>do</strong> terror<br />

abstract<br />

SILVINA RODRIGUeS LOPeS<br />

(Universida<strong>de</strong> Nova <strong>de</strong> Lisboa)<br />

There is an unravelling of themes in <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r’s poetry and prose<br />

which were extremely significant for european poetry and thinking since les fleurs<br />

du mal, after the milestone introduced by Georges Bataille in la literature et le mal.<br />

evil, eroticism and sacrifice are the three main themes which imply a in-<strong>de</strong>pth<br />

reading of Bataille, Artaud and Nietzsche in <strong>Herberto</strong> Hel<strong>de</strong>r, so that through<br />

them, with them, and beyond them it becomes possible to <strong>de</strong>velop one of the most<br />

non-current, and consequently mo<strong>de</strong>rn, poetical studies of terror.<br />

1.<br />

Toda a poesia existe em processo <strong>de</strong> ser-absolutamente-mo<strong>de</strong>rna.<br />

É claro que também a da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e a que se escreve hoje. esse<br />

imperativo rimbaldiano, que é já o <strong>de</strong> Höl<strong>de</strong>rlin, respon<strong>de</strong> ao imperativo<br />

<strong>de</strong> tornar-se poeta – é absolutamente preciso ser poeta, ser absolutamente<br />

poeta, saben<strong>do</strong> que não interessa o poeta, qualquer figura<br />

<strong>do</strong> poeta, mas apenas o seu tornar-se <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, <strong>de</strong> si-mesmo e <strong>do</strong>s<br />

outros, o seu ser inactual como o universo. Não po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> senão <strong>de</strong>vir,<br />

num senti<strong>do</strong> que é herança transforma<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> romantismo alemão, o<br />

poeta escapa à inescapável melancolia <strong>do</strong> passar <strong>do</strong> tempo e ao sentimento<br />

das ruínas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> enquanto sinais da sua passagem e da sua<br />

auto-contemplação nelas. Nem separa<strong>do</strong> da natureza, nem simples<br />

elemento <strong>de</strong>la, o poeta «mo<strong>de</strong>rno» não po<strong>de</strong> senão <strong>de</strong>vir-natureza e<br />

<strong>de</strong>vir-exterior à natureza. Num certo senti<strong>do</strong>, portanto, tornar-se poeta<br />

é tornar-se não-poeta, perturbar a estabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s nomes. O drama da<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever que atravessa a biografia <strong>de</strong> alguns poetas,<br />

DIACRÍTICA, ciênciAs dA literAturA, n.º 23/3 (2009), 169-177

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!